Era uma vez…
Um menino chamado Pedro. [1]
O Pedro tinha sete anos, era filho único e vivia com os pais numa aldeia perto da grande cidade.
O sonho do Pedro era ter um irmão; estava cansado de brincar sozinho, de querer jogar às escondidas e não ter ninguém para procurar, de querer jogar à apanhada e não ter ninguém para agarrar.
Um dia, o Pedro encheu-se de coragem, foi falar com a mãe e fez-lhe o seu pedido. Mas a mãe, assim que o ouviu, respondeu de imediato que era impossível porque o dinheiro mal chegava para pagar as prestações da casa e do carro, para a comida e para comprar de vez em quando alguma roupa. Por isso, um irmão nem pensar.
O Pedro ficou muito triste com a resposta da mãe mas não desanimou.
Perto da casa onde vivia, existia um baldio pantanoso, onde o Pedro ia muitas vezes para ouvir as rãs, ver as flores, as plantas que lá cresciam, tão diferentes das que via nos vasos que a mãe tinha em casa ou nos jardins dos vizinhos, os peixinhos pequeninos e também pequenos insectos que por ali andavam sempre à volta.
No pântano havia muito barro e, depois da conversa com a mãe, Pedro teve uma ideia: iria fazer um irmão de barro.
Assim, começou a ir todos os dias ao pântano buscar barro, que ia juntando num cantinho da garagem.
Quando lhe pareceu que já tinha barro suficiente, começou a sua obra. Durante vários dias foi trabalhando o barro e, depois de várias tentativas, o seu irmão estava pronto e tão bem feito, que só lhe faltava ter vida para poderem brincar os dois. Chamou-lhe João e levou-o para o quarto. Nessa noite, dormiu com o irmão de barro, na sua cama quentinha.
O Pedro estava muito contente com o irmão que tinha criado. Tão contente que não quis guardar essa alegria só para ele e, no dia seguinte, levou-o para a escola.
Quando chegou, explicou à professora que era o seu novo irmão e ela deixou-o entrar e sentá-lo na cadeira ao lado da sua e, durante aquela aula, os outros meninos da sala não pararam de olhar para o novo parceiro do Pedro.
Chegou a hora do recreio e o Pedro pegou no seu irmão ao colo e levou-o para o pátio, onde os outros meninos já jogavam à apanhada e à cabra-cega.
O Pedro não quis jogar nenhum jogo e afastou-se para um canto do pátio com o irmão e aí ficou a dar-lhe miminhos e a falar com ele. Estava tão feliz!
Mas de repente, sem que nada o fizesse prever, o sol desapareceu, nuvens muito escuras pintaram o céu de negro e logo de seguida uma chuva intensa abateu-se sobre o pátio.
O Pedro, que estava no canto mais afastado da porta de entrada na escola, nem queria acreditar no que estava a acontecer. Começou a correr para se proteger, mas a chuva era tão forte que mal conseguia andar. E então reparou que aquela chuva estava a cair também sobre o irmão, começando a desfigurá-lo, depois deformá-lo, até o derreter.
Quando se conseguiu abrigar, o seu irmão não era mais do que uma bola deformada de barro.
E o Pedro chorou, até os olhos ficarem secos por já não terem mais lágrimas para chorar. Depois, decidiu que quando fosse grande faria um irmão de pedra.
Terminada a escola, o Pedro voltou para casa, desolado. Ao chegar, a mãe estava a regar as flores e cantarolava, assobiava, por vezes quase parecia que estava a dançar e, ao vê-lo, correu para ele, beijou-o e abraçou-o com um abraço bem apertado.
O Pedro não estava à espera daquele contentamento, que contrastava com a sua tristeza, e perguntou à mãe o que tinha acontecido.
Então a mãe pegou nele pela mão e levou-o até à sala. Sentaram-se no sofá e começou a falar:
- Sabes, Pedro. Eu e o teu pai estivemos a conversar e decidimos que conseguimos dar-te o que nos tens pedido. Vais ter um irmão, que irá nascer pelo Natal!
O Pedro olhou para a mãe, com os seus olhos pretos bem abertos e brilhantes de alegria, abraçou-a, deu-lhe um demorado beijo na face e disse:
- Obrigado mamã. Não poderias dar-me melhor prenda. Este será o Natal mais feliz da minha vida!
(Conto de autor desconhecido. Inédito encontrado algures)
Na Liga Sagres, e em semana natalícia, nada melhor para manter o espírito desta quadra do que distribuir uns pontinhos! A Madeira e Coimbra agradeceram.
À trave:
Antes da queda, Adão transava mas não gozava.
(Budha Bar, s.d.)
[1] Não. Não era o Pedro Henriques. Este é o personagem de um possível conto de Natal, que não tem nada a ver com aquele que foi o actor principal de mais um roubo na Catedral!
Um menino chamado Pedro. [1]
O Pedro tinha sete anos, era filho único e vivia com os pais numa aldeia perto da grande cidade.
O sonho do Pedro era ter um irmão; estava cansado de brincar sozinho, de querer jogar às escondidas e não ter ninguém para procurar, de querer jogar à apanhada e não ter ninguém para agarrar.
Um dia, o Pedro encheu-se de coragem, foi falar com a mãe e fez-lhe o seu pedido. Mas a mãe, assim que o ouviu, respondeu de imediato que era impossível porque o dinheiro mal chegava para pagar as prestações da casa e do carro, para a comida e para comprar de vez em quando alguma roupa. Por isso, um irmão nem pensar.
O Pedro ficou muito triste com a resposta da mãe mas não desanimou.
Perto da casa onde vivia, existia um baldio pantanoso, onde o Pedro ia muitas vezes para ouvir as rãs, ver as flores, as plantas que lá cresciam, tão diferentes das que via nos vasos que a mãe tinha em casa ou nos jardins dos vizinhos, os peixinhos pequeninos e também pequenos insectos que por ali andavam sempre à volta.
No pântano havia muito barro e, depois da conversa com a mãe, Pedro teve uma ideia: iria fazer um irmão de barro.
Assim, começou a ir todos os dias ao pântano buscar barro, que ia juntando num cantinho da garagem.
Quando lhe pareceu que já tinha barro suficiente, começou a sua obra. Durante vários dias foi trabalhando o barro e, depois de várias tentativas, o seu irmão estava pronto e tão bem feito, que só lhe faltava ter vida para poderem brincar os dois. Chamou-lhe João e levou-o para o quarto. Nessa noite, dormiu com o irmão de barro, na sua cama quentinha.
O Pedro estava muito contente com o irmão que tinha criado. Tão contente que não quis guardar essa alegria só para ele e, no dia seguinte, levou-o para a escola.
Quando chegou, explicou à professora que era o seu novo irmão e ela deixou-o entrar e sentá-lo na cadeira ao lado da sua e, durante aquela aula, os outros meninos da sala não pararam de olhar para o novo parceiro do Pedro.
Chegou a hora do recreio e o Pedro pegou no seu irmão ao colo e levou-o para o pátio, onde os outros meninos já jogavam à apanhada e à cabra-cega.
O Pedro não quis jogar nenhum jogo e afastou-se para um canto do pátio com o irmão e aí ficou a dar-lhe miminhos e a falar com ele. Estava tão feliz!
Mas de repente, sem que nada o fizesse prever, o sol desapareceu, nuvens muito escuras pintaram o céu de negro e logo de seguida uma chuva intensa abateu-se sobre o pátio.
O Pedro, que estava no canto mais afastado da porta de entrada na escola, nem queria acreditar no que estava a acontecer. Começou a correr para se proteger, mas a chuva era tão forte que mal conseguia andar. E então reparou que aquela chuva estava a cair também sobre o irmão, começando a desfigurá-lo, depois deformá-lo, até o derreter.
Quando se conseguiu abrigar, o seu irmão não era mais do que uma bola deformada de barro.
E o Pedro chorou, até os olhos ficarem secos por já não terem mais lágrimas para chorar. Depois, decidiu que quando fosse grande faria um irmão de pedra.
Terminada a escola, o Pedro voltou para casa, desolado. Ao chegar, a mãe estava a regar as flores e cantarolava, assobiava, por vezes quase parecia que estava a dançar e, ao vê-lo, correu para ele, beijou-o e abraçou-o com um abraço bem apertado.
O Pedro não estava à espera daquele contentamento, que contrastava com a sua tristeza, e perguntou à mãe o que tinha acontecido.
Então a mãe pegou nele pela mão e levou-o até à sala. Sentaram-se no sofá e começou a falar:
- Sabes, Pedro. Eu e o teu pai estivemos a conversar e decidimos que conseguimos dar-te o que nos tens pedido. Vais ter um irmão, que irá nascer pelo Natal!
O Pedro olhou para a mãe, com os seus olhos pretos bem abertos e brilhantes de alegria, abraçou-a, deu-lhe um demorado beijo na face e disse:
- Obrigado mamã. Não poderias dar-me melhor prenda. Este será o Natal mais feliz da minha vida!
(Conto de autor desconhecido. Inédito encontrado algures)
Na Liga Sagres, e em semana natalícia, nada melhor para manter o espírito desta quadra do que distribuir uns pontinhos! A Madeira e Coimbra agradeceram.
À trave:
Antes da queda, Adão transava mas não gozava.
(Budha Bar, s.d.)
[1] Não. Não era o Pedro Henriques. Este é o personagem de um possível conto de Natal, que não tem nada a ver com aquele que foi o actor principal de mais um roubo na Catedral!
@Kar Luz Estrela