A CRÍTICA
Era uma vez…
Escreveu um célebre poeta: “primeiro estranha-se, depois entranha-se.”
…Um indefectível benfiquista que, em amena cavaqueira com outro benfiquista dos sete costados, reflectia sobre o estado da nação, chegando ambos à conclusão que a nação estava quase sem estado porque já não havia estadistas nem de boa cepa nem de boa têmpera.
Claro que os poetas, como a maioria dos artistas, vivem um pouco alheados da realidade vivencial do comum dos mortais, pelo que tal desiderato, na maior parte das vezes, não passará de linguagem poética, sempre mais agradável à audição do que à acção.
Depois de muito discutirem e pouco ou nada concluírem entenderam que era urgente dar a conhecer ao mundo as suas opiniões e comentários sempre certeiros, pois quanto mais não fosse no plano teórico, tornava-se premente fazer algo para alterar a situação actual.
No entanto, também é mister reconhecer que “um artista tem mais direitos que qualquer outro. Perdoam-se-lhe mais coisas.” [1] Daí se poder desculpabilizar o poeta e a sua noção de que tudo, por mais incompreensível que seja, acabará sempre por ter algum significado e valor.
Decidido, de imediato se estabeleceram as regras do método opinativo. Assim, era permitido falar sobre tudo, com tudo, por tudo e, se possível, incluir também o SLB.
Tal reflexão pretende contestar, literariamente, muitas das críticas que são feitas por quem não gosta, não percebe ou não entende certas situações com que vai deparando, pois é sempre mais fácil criticar o que não se percebe no imediato do que tentar ir ao âmago da questão, já que tal exige mais trabalho e muito mais esforço intelectual.
Desde então, com maior ou menor actualidade, se vai discutindo o estado da nação, principalmente da nação benfiquista.
Acresce que, na sociedade actual, em que se dá primazia ao imediato, ao simple(x), em que pensar por si próprio já soa quase a sacrilégio, ainda mais difícil se torna dar razão ao poeta.
Convém então referir que o Glorioso ainda não alcançou o almejado 1.º lugar, por força de uns bebés lá dos lados de Matosinhos que, contra todas as expectativas, deram água pela barba a dragões e leões, sendo o SLB o único grande que ainda não saboreou o fel amargo da derrota com tais petizes. Antevendo, entretanto, os próximos desafios que se colocam ao Glorioso, e não tendo dotes divinatórios, perspectiva-se, no entanto, que os referidos bebés sejam empatados na Vila do Conde, abrindo assim caminho para o assalto ao lugar cimeiro, em Coimbra, onde o SLB dará mais uma lição de futebol total e vencedor. Dias depois, seguir-se-á mais um jogo de importância decisiva para as aspirações europeias, em que se espera que o Glorioso não se veja grego para alcançar os necessários 3 pontos. Para isso, as camisolas berrantes, quais papoilas saltitantes, têm de mostrar à saciedade a magia num toque de calcanhar de Aimar, numa trivela de Reyes, num cabeceamento fulgurante de Sidnei ou nas mão seguras de Quim.
Fora-de-jogo
No outro dia, uma amiga telefonou-me a dizer: “Queres vir cá a casa? Não está cá ninguém.” Eu fui lá a casa. Toquei várias vezes à campainha. Ninguém atendeu. Ela tinha razão, não estava mesmo ninguém!
[1] A. Camus, A Peste
2 comentários:
E para não seres parvo e acreditares em amigas
Parvo?...é pouco....é pior que isso.
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