26/05/09

Atrasados... parece ser contagioso. Atraso, desculpas, recuos... a verdade da mentira.
VIVA o BENFICA
Sem desculpas, mas com atraso segue-se a crónica de Kar Luz Estrela.
ADEUS

(Uma alegoria em 3 capítulos)


II – INCERTEZA

Inverno. Estação do frio, da neve e das chuvas. Estação em que apetece estar em casa, no quentinho da lareira, bem aconchegadinho e, depois de uma lauta refeição, aquecer o espírito e o corpo com uma boa aguardente portuguesa ou, nesta era globalizante, com um néctar das puras e cristalinas nascentes da Escócia ou da Irlanda.
Na capoeira apresentada no último texto, o Inverno começara periclitante e com muita tremideira, não só por causa do frio, dos ventos fortes e das chuvas intensas, naturais nesta estação, mas também por alguns resultados menos conseguidos nos concursos em que os seus galos estavam envolvidos, com destaque para alguma goleadas, associadas a exibições pouco mais que confrangedoras, de modo particularmente evidente no concurso “penas mais brilhantes”, que originaram que a capoeira não passasse da primeira fase da prova, situação humilhante e nada consentânea com pergaminhos que ainda exibiam, embora já só tidos em conta e ainda (in)visíveis no Canal Proto-História.
Quanto ao principal concurso, algumas derrapagens com contendores menos qualificados, não só devido a pelejas menos conseguidas, como também a alguma indefinição da estruturação da equipa e ainda, convém não esquecer, embora seja uma verdade dolorosa para alguns poderes entretanto instituídos, por força de algumas decisões da comissão arbitral no mínimo duvidosas, para não lhes chamar escandalosas, lançaram os primeiros sinais de alerta para o perigo de que os objectivos traçados no início da época poderiam não vir a ser alcançados.
Apesar desses avisos, não houve reforços de Inverno, pois os tempos das galinhas gordas já lá iam há muitos anos, mas a esperança de que a capoeira ainda tinha argumentos, entenda-se, valores galináceos mais que suficientes para levar de vencida os concursos em que ainda estava envolvida era bastante forte.
Puro engano! Após o humilhante afastamento do concurso “penas mais brilhantes”, eis que a capoeira é posta à novamente posta prova, desta vez numa partida decisiva para manter as suas aspirações intactas na vitória do concurso “esporas mais lustrosas”. A luta, teoricamente falando/escrevendo, parecia desigual, pelo menos em termos de valores individuais. No entanto a outra capoeira, também conhecida pelos “bebés do mar”, estava a fazer furor já que, tendo subido de escalão no ano anterior, mantinha-se neste ano na luta pelos lugares cimeiros da tabela, tendo inclusive levado de vencida os desafios que efectuara nas capoeiras do Jojó e Fifi, atrevimento que raiara a escândalo nacional!
A peleja foi renhida mas a capoeira do Lulu mais uma vez claudicou e foi afastada sem honra nem brilho de mais um concurso.
Restavam agora dois concursos para salvar um pouco a época, sendo que o “melhor canto de alvorada” era o mais apetecível pois dava acesso directo à disputa da liga milionária das capoeiras europeias. Mas depois de uma breve passagem pelo lugar cimeiro da classificação, essa almejada conquista começava a dar sinais preocupantes de começar a regredir, necessitando de um novo alento para voltar à senda dos triunfos empolgantes.
A meio do Inverno, surgiu a refrega mais esperada contra a capoeira do Jójó. A capoeira do Lulu vinha de uns jogos em que o nível exibicional não fora do agrado da maior parte dos seus adeptos, temendo-se que fosse mais um jogo, a exemplo de anos recentes, em que os do Jojó passeassem a sua classe, humilhando, de novo, a capoeira do Lulu. Mas tal não aconteceu de todo. Fazendo uma exibição a raiar a perfeição e que muitos pensavam não estar ao alcance daquela equipa, a capoeira do Lulu quase conseguia levar de vencida o encontro, não fora uma decisão infeliz da equipa de fiscalização das regras do jogo que decidiu aproveitar um tropeção numa pedra existente no terreno para assinalar um castigo máximo, retirando desse modo a possibilidade de uma vitória mais que justa e merecida, além do consequente acesso ao primeiro lugar do concurso. Foi um balde de água fria, imerecido, mas que, de imediato, quebrou o ânimo da capoeira, que passou o resto do Inverno a arrastar-se, sendo por vezes confrangedor o espectáculo que oferecia nas pelejas que ia disputando.
O moral estava em baixo, as exibições reflectiam essa realidade, e a capoeira do Lulu que estivera no topo da classificação quedava-se agora por um modesto terceiro lugar, o que já não era novidade nos últimos quatro anos, pois fora, mais uma vez e com muita tranquilidade, ultrapassada pela capoeira do Fifi.
As esperanças ainda não estavam totalmente perdidas e convinha não esquecer que, com algum mérito, iria disputar a final do concurso “crista mais imponente” contra a capoeira do Fifi, no primeiro dia da Primavera, encontro aguardado com bastante expectativa, mas também com muita confiança pela parte do adversário e alguma apreensão da capoeira do Lulu. Claro que a vitória nesse concurso não salvava a época, tanto mais que era um concurso menor, introduzido no ano anterior e patrocinado por uma marca de milho híbrido sem grande implantação no mercado. Mas sempre era melhor ganhar alguma coisa do que nada.
Chegou o grande dia. O encontro disputou-se num estádio neutro, mas com lotação esgotada de apoiantes de ambas as equipas. Mas como já estávamos na Primavera, as incidências deste jogo e do resto da temporada continuarão na próxima crónica.


(tarde, mas continuou…)


Pó de talco:

Dúvida existencial: será que as motos em Inglaterra têm o volante do lado direito?


(há 15 dias, quase…)

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