28/03/09

A MEDALHA

Foi um dia alucinante!
Saímos de Lisboa pelas 8 da manhã, a bagageira atestada de fresquinhas carlsbergs e duns pastéis de bacalhau, croquetes, rissóis e pataniscas acabadinhas de fritar, cujo aroma a óleo quente se espalhou pelo carro durante a viagem, entranhando-se de tal modo na roupa que quando chegámos ao fim da viagem parecíamos acabados de sair duma fritadeira. Claro que não foi esquecido um arrozinho, não malandro porque a viagem foi longa e ficou empapado pelo caminho, e ainda quatro pães saloios meio enfarinhados e acabados de cozer em forno a lenha.
A viagem decorreu sem incidentes de maior, embora a paragem em Canal Caveira para o cafezinho da manhã se tenha revelado desastrosa devido a duas carlsberg que se partiram no porta bagagens, impregnando o que de comestível aí havia com um sabor extra a cerveja que não tinha sido planeado mas que, no fim, até acabou por ser agradável.
Atendendo a que chegámos ao fim da viagem bastante cedo, havia ainda muito espaço para estacionar. Depois de procurar um lugar o mais à sombra possível, o que não se revelou tarefa fácil, parámos a viatura e, de imediato, despejámos o porta-bagagens de tudo o que era comestível e bebível. Tarefa finalizada, foi começar a dar ao dente que a fome e a sede não se fizeram rogadas nem se deram ao trabalho de ficar pelo caminho.
Enquanto saciávamos o apetite, ia chegando mais e mais pessoal que, de imediato, seguia o nosso exemplo e entabulava conversa com os vizinhos, de modo a que, em breve, parecia estarmos numa feira franca em que um rissol era trocado por uma coxa de frango, ou uma asa de galinha era trocada por uma bem apetitosa chamuça, mas sempre tudo bem regado com carlsberg.
E assim foi decorrendo a tarde, sem motivos para arrelias ou disputas, pois parecia que estávamos todos unidos num único objectivo: comer muito e bom e beber carlsberg.
Por volta das 19H45, a maior parte do pessoal já não se encontrava por ali; tinha entrado num edifício situado no meio daquele descampado, qual nave espacial que por ali tivesse pousado há uns anos e, por falta de energia, não mais dali saíra.
De vez em quando ouvíamos os gritos dessa multidão da nave, mas não nos intimidavam porque a comida continuava óptima e a carlsberg sempre fresquinha e apetitosa.
Já era noite e pensávamos em regressar. Da nave espacial, depois de mais alguns gritos ocasionais, começavam a surgir gritos constantes e ritmados, que se mantiveram por quase meia hora. Tínhamos mesmo de ir embora porque o barulho já se tornava ensurdecedor e a carlsberg tinha-se acabado.
Entrámos no carro. Faltava apenas o Lucílio que tinha ido satisfazer uma necessidade fisiológica. De repente, vemo-lo entrar a correr, com uma medalha na mão, a dizer-nos para sairmos dali o mais rapidamente possível, enquanto víamos uma multidão a sair da nave espacial, vestida em tons de verde e a ouvíamos gritar: “Gatuno!”

Penalty:
“Devemos ser apugilistas da verdade desportiva!”


(A sair do Algarve, 22 de Março de 2009, 22H45)

20/03/09

Será Final...

QUER FLOR?

Leram-se durante a semana os mais diversos comentários, bastante críticos, à exibição do Glorioso no último jogo da Liga Sagres contra o Vitória Futebol Clube (de Guimarães), apontando todos num só sentido: Quique já está a abusar da sorte e o seu estado de graça estará a entrar em desgraça.
O cronista esteve no Estádio da Luz no pretérito sábado e reconhece que o SLB não jogou o suficiente para ganhar, mas também não jogou assim tão mal que merecesse perder. De facto, embora o jogo durante a 1.ª parte tenha sido pouco emotivo, o que até se compreende devido ao estado crítico em que está o país, mergulhado numa crise económica bastante grave, pelo que os jogadores acabam por correr menos para não gastarem muitas calorias, já a 2.ª parte teve um pouco mais de futebol, concretamente, mais dois minutos, pois enquanto na 1.ª parte o árbitro concedeu 2 minutos de compensação, na 2.ª parte deu 4 minutos.
O jogo revelou também um adversário, a quem acabou por sorrir a vitória, mas que apenas tinha a intenção firme de não perder no Estádio da Luz. Daí o tempo que foi queimando nas reposições de bolas em jogo e nas simulações de lesões, de modo a adiar ao máximo o que parecia inevitável: a vitória do Glorioso. No entanto, num lance fortuito, com muita felicidade à mistura e alguma miopia do árbitro assistente (mais uma equipa de arbitragem da Associação de Futebol do Porto a apitar jogos do SLB! Estranho!...), lá conseguiu marcar um golito, não tendo o Glorioso engenho e arte para dar uma alegria aos mais de 47.000 espectadores que estavam no estádio a acompanhar e apoiar a equipa, que bem precisa de todo o apoio.
Reconheço que se terá visto alguma descoordenação (motora?) nos jogadores, pelo menos do meio campo para a frente, não falando de alguma inadaptação daquele lateral esquerdo alto e guedelhudo que o Derlei e companhia tanto apreciaram no último dérbi, ficando ainda no ar a ideia de que a bola trocada de pé para pé pelos jogadores do Glorioso não cheira mais de três pés. Será necessário trocar de meias ou aplicar algum produto mais bem cheiroso nos pés dos nossos Gloriosos jogadores para que essas referidas trocas de bola, o ‘meinho’ como lhe chamam os entendidos, sejam mais eficazes?
O Cardozo foi substituído e ouviu-se o descontentamento dos adeptos que, os jornais desportivos logo associaram àquela incidência do jogo. Puro engano! Os assobios que se ouviram eram dirigidos ao espectador a quem, durante um sorteio realizado no intervalo do jogo, calharam 10.000 € em barras de ouro, mas, por não ser sócio do SLB nem ter o cartão de crédito da CGD, não as iria receber. Questionaram-se por isso os espectadores se o tal fulano seria algum adepto do outro lado da 2.ª circular já a tirar notas para tentar perceber quem irá arrecadar o caneco da Carlsberg e assobiaram-no!
É certo que o resultado foi o melhor para o Guimarães, que já há uns jogos que não vencia o SLB, e não foi bom para o Glorioso que está agora a 5 pontos dos do Porto, uma distância já considerável, atendendo a que só faltam disputar 8 jornadas. No entanto, partilho a crença do nosso Maestro, pelo que enquanto for matematicamente possível, acredito que ainda podemos vencer a Super Liga nesta época 2008/2009.
Uma palavra ainda para o Quique, que muitos não percebem por que motivo, estando há 8 meses no nosso país, ainda fala espanhol. Antes de mais, não se aprende a falar uma nova língua de um dia para o outro. Além disso, o português é dos idiomas falados um dos mais difíceis e se não se domina bem mais vale não dizer nada, pois ‘o português é uma língua muito traiçoeira’! E, por fim, convém não esquecer que cerca de metade dos jogadores da equipa que tem sido mais titular (Aimar, Reyes, Di Maria, Cardozo e Maxi Pereira) fala espanhol. Continue pois o Quique a oferecer flores em espanhol, sempre é mais perceptível que os “qué frô” marroquinos que diariamente invadem a cidade.
Quanto ao caneco que vamos disputar amanhã, 21 de Março, claro que é para ganhar, nem que seja por meio a zero! Se, por qualquer percalço, tal no entanto não suceder, quem ficará a perder será a cervejeira, pois deixará de vender uns bons litros já que é sempre mais apetecível e mais propenso ao consumo comemorar uma vitória do que chorar uma derrota!

Bola para a bancada:
Quando a mãe foi a casa da vizinha buscar um ramo de salsa, disse:
- Luís, põe um olho na sopa!
E o Luís (de Camões) obedeceu.
A partir desse dia, Luís (de Camões) passou a andar com uma pala no olho!



(Já no Algarve, 19 de Março de 2009)
@Kar Luz Estrela

14/03/09

Vamos continuar nas histórias... do Kar Luz

UM DIA EM LANZAROTE

José levantou-se cedo. Ultimamente andava a dormir pouco devido às dores que ainda lhe atormentavam as costas, consequência da última viagem a Portugal, feita no dorso de um elefante propositadamente requisitado para o efeito pela coroa real sueca. Del Rio que já estava a preparar o pequeno-almoço, olhou-o no rosto cansado e comentou José, pareces levantado do chão! Estou tão cansado que já nem sei se viajei num elefante ou numa jangada de pedra. Tomou o seu leite com Nesquick e uns croissants miniatura com fiambre e queijo, acabados de entregar por um dos poucos vizinhos, um dos faz-tudo da Ilha, e que também distribuía, uma vez por semana, as várias centenas de quilos de correspondência que chegavam à Ilha, seguindo o exemplo daquele outro carteiro que vira num filme a entregar a correspondência ao Pablo Neruda. Depois de mais um pequeno-almoço reconfortante, José saiu para o seu passeio matinal na Ilha, sempre acompanhado por Del Rio. Embora não acreditasse no Éden na sua vertente bíblica, pois orgulhava-se da sua convicção ateísta, sentia-se ali como num paraíso. Graças a Deus, costumava pensar, que decidi crucificar José (o outro) a meio daquele famoso Evangelho. Assim, vi-me obrigado a refugiar-me neste local para fugir à ira daqueles energúmenos que se sentiram ofendidos na sua fé secular, a começar por esse Secretário de Estado, cujo nome nem ouso recordar. À época, foi uma decisão difícil de tomar, mas com a ajuda de Del Rio, afinal revelou-se uma Nobel resolução, acabando por ser reconhecida e premiada internacionalmente.
As manhãs passavam rapidamente, e aquela não fugiu à regra. Para almoçar, decidiram experimentar A Caverna, restaurante inaugurado no sábado anterior e que prometia comida tradicional ibérica. Finalmente, Portugal e Espanha unidos num único país, pelo menos naquele espaço, algo que como José sempre sonhara, poderia ser o princípio de uma futura união política. O almoço foi excelente e abundante. José comeu com tanta satisfação e revelou um apetite de tal modo devorador que Del Rio quase o repreendia. Não queiras duplicar o teu peso, homem!
A digestão foi feita no regresso a casa. Era a hora da sesta, mas José não tinha tempo a perder. Andava às voltas com um novo romance e todos os minutos eram importantes para não perder o fio à meada.
Anoitecia, quando Del Rio o chamou para jantar. Depois, na sala com vista para o mar, entre dois dedos de conversa e uns Pedro Domecq, foram conversando sobre tudo e sobre nada, qual espuma de mais um dia que se esfumava. Há uns tempos que ando para te dizer, Del Rio. Já sei o que fazer ao meu espólio. Vou criar uma Fundação e tu serás o seu Pilar. Dito isto, José adormeceu no sofá.


Bola para a bancada:

O verdadeiro teste de maturidade não é a idade de uma pessoa mas sim o modo como reage ao acordar em cuecas no meio da cidade. [1]



(Na Ilha, 13 de Março de 2009)
[1] Woody ALLEN, Sem Penas, Bertrand Editora, 1987.

09/03/09






O MEU ENCONTRO COM KAFKA…





…Foi no Dubai.
Naquela manhã, depois de pesadelos constantes, acordei com a sensação de que algo estranho acontecera nas minhas costas.
Levantei-me e dirigi-me para a casa de banho. Em frente ao espelho, procurei encontrar posição para reflectir o meu dorso e, assim que o consegui, qual não foi o meu espanto quando me apercebi que quatro pequenas saliências, muito semelhantes às patas de um coelho, me despontavam, duas nas omoplatas e duas um pouco acima dos rins. Estupefacto, e sem perceber o que se teria passado, continuei durante alguns minutos a olhar para o espelho, enquanto as minhas mãos agarravam tais intrusos, tentando despegá-los do corpo, mas sem contudo o conseguirem. Estavam presos e bem presos e a cada esticão a dor que sentia era tanta que desisti.
Voltei para o quarto, tentando pôr alguma ordem nas ideias mais mirabolantes que em catadupa me afluíam. Comecei por maldizer a minha sorte e as quatro patas que me estragavam umas férias para as quais lutara durante dois anos sem descanso, sem horário de trabalho, sem feriados nem fins-de-semana, só com o objectivo de ganhar o prémio que o laboratório farmacêutico oferecia ao seu melhor prospector.
Um pouco mais calmo, delineei algumas estratégias e a primeira foi telefonar para a minha seguradora, ramo saúde. A voz simpática que me atendeu do outro lado lamentou informar mas nada podia fazer pois a companhia não tinha protocolos com nenhuma entidade prestadora de cuidados de saúde no Dubai.
Depois de alguns impropérios menos dignos, decidi sair do quarto e, sem tomar o pequeno-almoço, não fosse alguém reparar nas minhas costas, dirigi-me para uma esplanada na praia. Sentei-me na cadeira que estava mais junto à parede do bar de apoio, tendo o cuidado de proteger as costas de qualquer olhar indiscreto, e pedi um pequeno-almoço à inglesa.
Sentia-me com um apetite devorador, talvez por ter mais quatro patas para alimentar, e estava já no terceiro ovo estrelado com bacon quando, ao levantar os olhos do prato, vi diante de mim um homem, moreno, aparentando não ter mais de 40 anos, fisionomia com ascendência judaica, orelhas talvez um pouco grandes demais, olhar penetrante e uma tosse quase constante. Parecia já estar a olhar para mim há uns minutos e então, com um ligeiro gesto de ombros, indiquei-lhe uma cadeira para se sentar à minha mesa.
Agradeceu, sentou-se e pediu uma água com gás. Depois começou a falar, a princípio com alguma timidez mas, à medida que a conversa foi avançando, as palavras saíam-lhe quase em catadupa. Começou por me dizer que conhecera um amigo que também tivera um problema parecido com o meu, embora com outra amplitude, pois nem sequer do quarto saiu, a não ser por breves momentos e num dia de infeliz memória, quarto onde acabou por morrer, fechado no seu limitado mundo. Perguntei-lhe se também tinha quatro patas de coelho nas costas, mas não me conseguiu definir muito bem o que acontecera. Parecia-se com uma barata ou um escaravelho, melhor, com um gigantesco insecto.
Apesar da tosse constante, lá me foi desfiando mais um pouco da sua vida, dos seus problemas com o pai, a quem acabava de escrever uma carta, que não sabia se ele alguma vez iria ler, mas na qual lhe tentava explicar os motivos pelos quais a sua presença constante sempre o atemorizara.
Falou-me também doutros amigos que tinham passado por alguns problemas na vida. Um deles fora alvo dum processo judicial, em que tinha sido preso, acusado, julgado, condenado e executado, por um crime de que não teve qualquer conhecimento. Sentia-se tão revoltado com a situação que estava seriamente a pensar escrever um artigo ou uma crónica para o jornal, se tivesse tempo para isso. Só que a companhia de seguros onde trabalhava era tão exigente e ocupava-lhe tanto tempo que, para escrever tal crónica, quase não poderia dormir. E aquela tosse também não o ajudava nada.
Falou-me ainda de um amigo que visitara numa colónia penal mas que mal tivera tempo para ver porque estava completamente embrenhado na construção duma nova e revolucionária máquina de tortura e execução.
Também me contou a história dum outro amigo que emigrara para a América e que no barco onde viajava só não foi linchado e atirado aos tubarões porque, no mesmo barco, seguia também um tio de que mal ouvira falar, mas que o reconheceu e conseguiu interceder junto do comandante, salvando o sobrinho dum destino cruel.
A manhã já ia longa, aproximava-se a hora do almoço e o desconhecido continuava a falar, a contar histórias da sua vida, embora a tosse, por vezes demasiado insistente, lhe causasse alguns problemas e o obrigasse a grandes pausas durante a conversa que ia mantendo comigo.
Perguntei-lhe então se era casado e falou-me de três ou quatro amores com quem se correspondera. Desses, estivera seriamente comprometido com um e quase casara, mas, praticamente em cima da hora do enlace matrimonial, fugira porque, e aí parafraseou um poeta português, “queriam-no casado, fútil…” e ele não estava muito entusiasmado com a ideia.
Há tanto tempo que conversamos e ainda nem sei o seu nome, nem de onde é, nem o que faz.
Não vale a pena, retorquiu, um dia há-de ouvir falar de mim. Como já deve ter percebido, trabalho para uma companhia de seguros, em Praga, estou aqui para ver se melhoro da tuberculose e de vez em quando escrevo umas coisitas sem importância.
Eu, leitor compulsivo, pedi-lhe logo que me mostrasse algo do que escrevera, mas respondeu que não tinha nada consigo; no entanto, havia dois ou três livritos que já tinham sido publicados. O resto que havia lá por casa tinha tão pouco valor que até já pedira ao seu mais íntimo amigo que, quando morresse, queimasse tudo.
Mas o senhor ainda vai viver muitos anos.
Que não, respondeu. A tuberculose já estava em fase terminal e dali só para o cemitério judaico de Praga.
Emocionei-me com o desprendimento e com as histórias daquele homem e estava para convidá-lo para almoçar quando um japonês, aspecto cuidado, cinquentão, sorridente e bastante falador, se aproximou da mesa. Trazia uma mochila às costas repleta de discos de jazz que transportava para todo o lado desde que fechara o seu bar em Tóquio e uns blocos A4 quadriculados, onde ia vertendo as ideias que lhe surgiam enquanto viajava para, um dia, as transformar em livros. Encarou-nos demoradamente e pediu autorização para tirar uma foto. A máquina era uma polaroid já velhinha, quase uma relíquia de museu, das de fotos instantâneas, que o japonês se gabava de ter recuperado e que era o seu orgulho. Tirou a foto. Estava excelente. Pedi que a autografasse e, se assim o entendesse, escrevesse uma dedicatória.
Sim senhor, é para já!
Quando me devolveu a fotografia, já o desconhecido se tinha retirado, sem que me tivesse dado conta, e li “Com Kafka à beira-mar”, ass. Haruki Murakami.
Ia agradecer-lhe quando, ao olhar à sua procura, não vi ninguém. A esplanada estava vazia. Chamei a empregada que me servira o pequeno-almoço e perguntei-lhe por eles mas ela garantiu-me e jurou pela saúde dos seus entes mais queridos que ninguém, a não ser eu, tinha estado naquela esplanada durante toda a manhã.
Impossível, retorqui. Então e a água que veio para a mesa?
Qual água? Já disse ao senhor que não esteve mais ninguém na esplanada.
Teria sonhado? Estaria acordado? Belisquei-me, esfreguei os olhos. Sim, estava acordado. De repente lembrei-me das patas de coelho. Passei as mãos e não senti nada. Chamei novamente a empregada.
Desculpe, pode ver se tenho quatro patas de coelho nas costas? A rapariga olhou para mim, levou uma mão à testa e desapareceu no interior do bar.
Ainda incrédulo, levantei-me e regressava ao hotel quando ouvi chamar. Voltei-me e vi a empregada a gesticular. Regressei à esplanada e procurei a mesa onde tinha estado sentado. Esquecera-me da fotografia.


Livre contra a barreira:
Quem dentes tenha quer trincar! [1]



(Aí, Março de 2009)
[1] Adaptação livre da sabedoria popular (“quem desdenha quer comprar”).

02/03/09

Kar Luz Estrela. Mais um comentário

Reconheço

Reconheço
Que há dias difíceis.
Que era sábado de Carnaval, mas levámos a mal.
Que o jogo não correu de feição.
Que o defesa esquerdo esqueceu-se da sua posição.

Reconheço mas não admito
Que haja jogos em que os árbitros tenham alguns pruridos em assinalar grandes penalidades aos 6 minutos de jogo.
Que haja jogos em que os árbitros apitem baseados na lei da compensação.

Constato
Que quem não mata na 1.ª parte, arrisca-se a ser morto na 2.ª parte.
Que na Liga da 2.ª Circular o SLB, em igualdade pontual, estará sempre em vantagem por ter marcado dois golos no campo do scp.
Que o fcp ficou bastante satisfeito com o resultado do derbi.

Concordo
Que o SLB ainda não ganhou nada.

Acredito
Que o SLB ainda pode vencer a taça da cerveja Carlsberg.
Que o SLB ainda pode ser campeão.

(Confirmo
Que o Carnaval do Rio é muito mais interessante que qualquer jogo da Liga Sagres!)

Livre directo:
Grão a grão apanha a galinha uma congestão! [1]


(Sambódromo, 23 e 24 de Fevereiro de 2009)
[1] Créditos: Sabedoria popular.
Devagar porque temos pressa. Será?
A jogar desta forma não há coração que aguente. Vamos a ver!