29/04/09

Kar Luz Estrela... Sem Assunto


O Dia da Mãe (que não de qualquer árbitro), o 1º de Maio (dia não comemorado por muitos jogadores), o castigo do Rui Costa e o artigo do Kar Luz Estrela na ordem do dia.

A tempo e horas, sem crises ou gripes. Sem fallhas.

Kar Luz Estrela no seu melhor. Cá vai

SEM ASSUNTO

Hoje não tenho assunto. O Glorioso ganhou (embora na 2.ª parte parecesse que um rapaz de nome Rui Costa, mas que não tem nada a ver com o nosso querido e bem amado Rui, teria apostado em que não se conseguisse tal desiderato) e os outros também ganharam. Ainda se reacenderam algumas esperanças com o golão do Estrela mas o levezinho logo tratou de as apagar. O título é pouco mais que uma miragem e o segundo lugar de acesso à pré-liga dos milhões já começa a ser visto por um canudo. Esta é a realidade e não vale a pena andar a escamoteá-la e camuflá-la com declarações oportunistas, que em nada contribuem para o engrandecimento do Glorioso, pelo contrário, são oportunidades perdidas em que o melhor e mais proveitoso seria ficar calado!
Por isso, e repetindo-me, hoje não tenho assunto.
Poderia, a exemplo de escritos anteriores, brindar os meus estóicos leitores com um texto completamente fora de contexto, com alguma citação de um autor célebre ou celebrizado, plagiar o que ainda de útil se vai escrevendo ou, quiçá, reproduzir o que, ao longo das leituras correntes da imprensa diária ou semanal, de mais interessante ou fora do comum se vai publicando. Mas nada me ocorre com importância suficiente para partilhar com quem lê estas pseudo crónicas. Ainda pensei esperar pelas Aspirinas já há tanto tempo anunciadas e nunca concretizadas, quase fazendo lembrar as equipas maravilha das últimas quatro épocas do Glorioso que o melhor que têm conseguido é um honroso (?) terceiro lugar! Mas também elas devem estar com falta de inspiração ou sem assunto e a sua estreia parece adiada sine die.
Poderia também escrever, por exemplo, sobre a criatividade que todos os dias se vai descobrindo na arca de Fernando Pessoa, ou fazer uma análise crítica à última viagem do José Saramago (que, como os meus leitores bem estão recordados, foi de elefante até Roma), ou ainda comentar em voz suave e não gritada o excelente livro que a excelsa escritora pré-candidata ao Nobel, Júlia Pinheiro, acabou de dar à estampa.
Também poderia comentar o surto de gripe suína que acabou de se manifestar nos seres humanos, a começar nos mexicanos (coitados, como se já não bastasse terem sido colonizados pelos espanhóis e terem de partilhar uma fronteira de milhares de quilómetros com os gringos, ainda têm agora de levar com esta gripe), ou dos casos que a justiça portuguesa tem resolvido (estou a lembrar-me de casos recentes como a Casa Pia e o Freeport, mas não esquecendo o caso Melancia, o Aquarparque, a queda da ponte de Entre-Os-Rios, entre outros tristemente célebres, ou ainda, e olhando para a área desportiva, o Apito Dourado), de tal forma que só falta a aprovação formal para ser inscrita no Guiness como a justiça mais célere do mundo, ou até a crise mundial que está para durar. Mas também não tenho engenho nem arte para tal, pois a crise, até a da falta de assunto, quando chega é para permanecer por muito tempo.
Também poderia falar de amor e ódio, de união e separação, de como se sentir feliz com 480 euros mensais tendo mulher e dois filhos para sustentar, prestação da casa e do carro para pagar e um crédito da Cofidis de 500 euros que já se anda a pagar há 3 anos mas que ainda permanece nos 600 euros de dívida. Mas se esta é uma realidade para milhares e milhares de portugueses, para quê continuar a insistir no que todos vêm (menos os cegos, leia-se alguns dirigentes deste ainda belo país à beira-mar implantado), pois tal apenas agravaria ainda mais a revolta e a impotência que se vai sentindo naqueles que hoje em dia ainda vão sobrevivendo mas apenas ligeiramente acima do limiar da pobreza.
Poderia até escrevinhar qualquer coisa sem nexo, apenas deixando os dedos correr pelas teclas sem qualquer interferência do cérebro, de modo a dar corpo a textos com títulos como “Kafka e a Estratégia Milenar de Construção de Teias de Aranha”, por exemplo, embora Kafka esteja mais relacionado com “misteriosos insectos” (a este propósito, ver “A Metamorfose”), ou “Galileu e a Lógica Infinitesimal Aplicada ao Movimento das Asas das Gaivotas”, ou ainda “Capitães de Abril e Capitães de Maio: um Mês de Diferença.” Mas estariam os meus dedos dispostos a aprofundar uma matéria tão vasta e assuntos tão transcendentes? Duvido.
Entretanto e aqui chegado, já estou a ouvir alguns comentários dos meus ainda leitores sobre a minha obsessão por K. E tenho de lhes dar razão! Não que seja obcecado mas que é um dos meus autores de referência, disso podem ter a certeza. E por falar em autores, aconselho vivamente que voltem ao meu texto editado em 02 de Janeiro de 2009 e, se possível, deliciem-se com as escolhas de livros que aí apresento. Verão (lerão) que são pequenas grandes pérolas que os ajudarão a enfrentar com um pouco mais de qualidade estes tempos de agrura e desencanto que estamos a viver. Ah! À referida lista acrescentem “Bomarzo”, de Manuel Lujica Lainez, e “As Vozes do Rio Pamano”, de Jaume Cabré. Imperdíveis!
E como a falta de assunto já está uma autêntica conversa fiada, por hoje é melhor ficar por aqui.

Sem assunto (versão reduzida):

Decisões pré-divórcio:
Ele: Estou farto! O melhor é o divórcio. Quanto à casa, e como é grande, dá para ficares com um lado e eu com outro. Escolhe!
Ela: Muito bem. Eu fico com o lado de dentro e tu ficas com o lado de fora!

(s.l., s.d.)

@Kar Luz Estrela

24/04/09

E O BENFICA?...


(III PARTE)


Motivos de ordem pessoal originaram que a última crónica não tivesse sido entregue ao editor na data aprazada perdendo, desse modo, alguma actualidade, embora não a sua realidade. Pelo facto me penitencio perante aqueles que ainda têm paciência para consumir algum tempo a espreitar este blog e o que nele se vai editando. Claro que o mais interessante são as ligações à actualidade informativa do ainda glorioso, passando estas crónicas para um mero pretexto de ocupação de espaço.
Fazendo uma pequena retrospectiva do que já por aqui está escrito (e com esta já é a 30.ª crónica, número que nunca pensara atingir), reconheço que nem sempre o articulado terá correspondido ao desejado (não associar ao D. Sebastião, p.f.). Muita parra e pouco sumo encarnado têm transparecido, culpa, certamente, de mais uma época futebolística que vai de novo ficar aquém das expectativas sempre altas que se vão gerando durante os meses de Junho a Agosto. E culpa de quem? Antes de mais, da equipa de futebol profissional, dos técnicos e dos dirigentes. Mas também não estão isentas de responsabilidade no descalabro classificativo actual algumas arbitragens tendenciosas (assim de repente estou a lembrar-me dos jogos na catedral contra o V. Setúbal, o Nacional da Madeira e a Académica e ainda do jogo no dragão, pelejas em que fomos altamente prejudicados, tendo como contraponto apenas termos sido algo beneficiados no jogo caseiro contra o Braga). E perante tantos e tão graves atropelos à verdade desportiva, qual foi a reacção dos nossos dirigentes? Pouco mais que uma confrangedora pobreza franciscana (não confundir com a do Padre Vítor Melícias que vale 7.500 euros mensais!). Necessário se impunha, em tais situações, que o SLB tivesse, de uma forma clara e inequívoca, e em sede própria, manifestado a sua indignação por ter sido escandalosamente escamoteado naqueles jogos e noutros que o cronista agora não recorda (com a idade a memória fenece!).
Questiona-se o cronista como, tendo o SLB um director de comunicação conceituadíssimo, os comunicados que vão sendo emitidos são pouco mais que incipientes e de uma indigência confrangedora. Temos de ser incisivos e contundentes na razão que nos assiste, sempre que somos prejudicados, roubados, espezinhados e vilipendiados.
Não queremos guerra. Mas exigimos uma resposta firme e atenta contra as manobras de bastidores que a Liga e os seus correligionários estão constantemente a fazer contra o SLB. Não pretendo afirmar para já e taxativamente que o SLB é o Clube a abater pela Liga, tanto mais que tem sido o que maior contributo tem prestado no enchimento dos cofres daquele organismo que (in)gere o futebol nacional com as multas constantes de que é alvo, mas é por demais evidente que é o que dá a entender.
O SLB não pode continuar a pactuar com todos aqueles (e são muitos) que só perseguem um objectivo: destruí-lo! Para que esses abutres não consigam os seus intentos, imperioso se torna:
1. Uma direcção forte e solidária.
2. Blindagem do balneário.
3. Um director desportivo que faça a ponte entre a direcção e o balneário.
4. Uma política de comunicação que só apresente factos e casos concretos, incidindo de modo especial nas situações de claro e objectivo prejuízo para o SLB. Neste aspecto é ainda mister terminar com a desinformação que alimenta os jornais desportivos nacionais, que não podem continuar a sobreviver apenas à custa do SLB e das transacções diárias de jogadores que se vão propagandeando no ainda glorioso.
5. Uma equipa de futebol que jogue por amor à camisola. Para isso, além de lançar cada vez em maior número jogadores oriundos da formação, necessário se torna também controlar eficazmente os jogadores da equipa principal, de modo a que percebam que vestir a camisola do glorioso é motivo de orgulho que não se compadece com noitadas constantes pelos bares e outros estabelecimentos similares da capital e arredores.
6. Fazer do Centro de Estágio a casa dos jogadores do SLB.
Estes são apenas alguns pontos mas, na opinião do cronista, essenciais para que o SLB volte a ser o clube que conhecemos em gloriosas décadas passadas e queremos voltar a ver nos estádios nacionais e por esse mundo fora, orgulhoso da camisola que enverga e da história que o fez grande entre os maiores.
Havemos de voltar a reflectir sobre esta temática!

Obs.:
O SLB ganhou o último jogo, contra as previsões de muita gente avalizada, quando começou a pressionar o adversário à saída da sua área, exercendo a chamada ‘pressão alta’. É difícil perceber que esta é a forma mais eficaz para levar de vencida a maior parte dos adversários da Liga Sagres? Para o cronista não é. Difícil é perceber porque não jogaram assim a maior parte das vezes!...



(Aqui e agora, 24 de Abril de 2009)
@Kar Luz Estrela

22/04/09

Estamos atrasados

Não sei se 4 ou 8. Sei que estamos atrasados e isso é que interessa. Aquilo que podemos dizer é que lamentamos este atraso e esperamos que os leitores entendam.
O motivou para o atraso foi de âmbito pessoal. Quanto ao(s) motivo(s) para o atraso do nosso clube... esse não sei.

Fica a crónica do Kar Luz.

E O BENFICA?...


(II PARTE)

O cronista chega a casa, depois de mais um dia de extenuante trabalho. Abre a caixa do correio e depara-se com um envelope hermeticamente fechado, sem remetente e sem qualquer carimbo dos correios, dando a sensação de ter sido ali colocado pessoalmente.
Já recostado no sofá da sala, preparado o jameson com duas pedras de gelo e uma água das pedras, decide abrir o envelope.
No interior, um outro envelope, cheio de carimbos “secreto”, aguça a curiosidade do cronista que se apressa a abri-lo, sentindo já a excitação a apoderar-se dos seus movimentos cada vez mais rápidos.
Aberto o envelope, vê que contém várias folhas dactilografadas, também com carimbo “secreto”. Desdobra-as e começa a ler:
Reunião da Liga de Clubes, Porto, 14 de Abril de 2009.
“Tem a palavra o Sr. Presidente:
- Meus senhores! Antes de mais, um voto de louvor ao glorioso FCP que, se tudo correr como planeámos, amanhã carimbará a passagem às meias-finais da Liga Milionária!
(Todos os presentes se levantam e aplaudem durante cerca de 5 minutos. Ouvem-se vivas ao fcp, ao grande p da c e ainda alguns mimos a um clubezito da capital dos mouros que não convém transcrever em acta…)
- Ilustres confrades, continua o Sr. Presidente, a nossa estratégia, sabiamente planeada há quase um ano, está a resultar em pleno! A mui nobre e invicta cidade do Porto, que ainda há-de voltar a ser a capital do Portugal autêntico, do Portugal acima do Mondego, volta a ver o seu filho muito querido, estimado e amado FCP tetra campeão! Não é de aplaudir?
- Claro que é!, gritam todos em uníssono.
(De novo todos os presentes se levantam e aplaudem durante cerca de 10 minutos. Ouvem-se vivas ao fcp, ao grande p da c e ainda alguns mimos a um clubezito da capital dos mouros que não convém transcrever em acta…)
- Amigos, recomeça o Sr. Presidente, continuando a debater a estratégia montada no ano passado, temos de nos sentir orgulhosos pelo 2.º lugar que os lagartos tão brilhantemente têm consolidado nas últimas jornadas!
- É de aplaudir, Sr. Presidente?, questiona o presidente do Beira-Mar.
- Claro!
(Mais uma vez todos os presentes se levantam e aplaudem durante cerca de 2 minutos. Ouvem-se vivas ao fcp, ao grande p da c, ao construtor franco e ainda alguns mimos a um clubezito da capital dos mouros que não convém transcrever em acta…)
- Companheiros, retoma a palavra o Sr. Presidente, temos de garantir que, nas 6 jornadas que ainda faltam, o Nacional da Madeira e o Sporting de Braga ultrapassem os lampiões para que, desse modo, nos possamos sentir orgulhosos pela estratégia planeada para esta época futebolística! Para isso, já coordenei com o Presidente da Comissão de Arbitragem que seja distribuído aos árbitros dos próximos jogos dos encarnados o dvd do último jogo, contra a gloriosa académica da douta cidade de Coimbra, para terem actuações semelhantes à do nosso grande amigo madeirense…
- Isso mesmo, Sr. Presidente!, entusiasma-se o presidente da União de Leiria.
- E é de aplaudir!, empolga-se o presidente do Rio Ave.
(E novamente todos os presentes se levantam e aplaudem durante cerca de 15 minutos. Ouvem-se vivas ao fcp, ao grande p da c, ao nacional, ao jesus e ainda alguns mimos a um clubezito da capital dos mouros que não convém transcrever em acta…)
- E a Taça da Liga, Sr. Presidente?, questiona o presidente do Leixões, no fim dos aplausos.
- Isso? Foi um presente envenenado! Assim, durante muito tempo eles nunca podem dizer muito porque aquele penalty estará para sempre atravessado no caneco! Mais uma jogada de mestre desta grande Liga! Viva a Liga!
- Viva!, gritam todos os presentes em uníssono que, de imediato se levantam e, durante cerca de 20 minutos bradam vivas à Liga, ao seu presidente, à sua comissão disciplinar, à sua comissão de arbitragem, ao fcp, ao grande p da c, e ainda muitos e variados mimos a um clubezito da capital dos mouros que não convém transcrever em acta…)

Livre (in)directo:
Prioridade é a idade do prior. [1]


(Em casa, 16 de Abril de 2009)
[1] Crédito: José SESINANDO in Jornal de Letras, Artes e Ideias, n.º 1000

14/04/09

E depois do Adeus

Primeiro tenho de justificar o atraso da crónica, obrigatória, do Kar Luz Estrela. Não foi por atraso do cronista, mas tão só pelo desespero do gestor do blogue. O mesmo andava por terras de Marrocos ouvindo cantar glórias ao Benfica, a Eusébio, a Rui Costa, mas acesso à Internet... NADA.
Assim, quando chegou a terras Lusas teve, o gestor do blogue, acesso a muitas coisas. O resultado do Benfica e... à crónica semanal do Kar Luz Estrela...
Lenços, não para a crónica, mas não à Quique que aguente!
Com as desculpas aos Leitores, mas quero voltar para Marrocos, onde o Benfica é Grande... Não sendo possível fica a crónica do KarLuz Estrela e o meu pedido de desculpas por só agora publicar o seu texto.
Aqui vai:

E O BENFICA?...


…perguntava o gestor deste blog, na última semana. Para tentar dar resposta a essa pergunta, que será também dúvida e, quiçá, uma inquietação, esta semana, que no calendário litúrgico se identifica como pascal, debrucei-me um pouco mais sobre o Glorioso.
Assim, e contra os meus princípios, lá fui ver o jogo de domingo, numa das centenas de Casas do Benfica espelhadas por esse país fora.
A assistência não ultrapassava a meia casa, a exemplo do Estádio José Gomes, porque a confiança já não assenta arraiais nas hostes encarnadas. Aliás, era bem patente no rosto de quase todos os presentes algum desencanto por mais uma época que se adivinha já, no mínimo, frustrante. Tanto investimento, tantos nomes sonantes, tanta esperança num director desportivo que sente o Benfica como poucos mas, chegados aos dias de hoje, a desilusão tomou conta do sonho. Nem a taça da carlsberg aqueceu os ânimos. E a desconfiança na equipa, nos técnicos, no nosso bem amado Rui, na direcção, vai ganhando contornos algo preocupantes.
Começa o jogo. Início algo atabalhoado, pouca objectividade e fio de jogo e, de repente, a queda do capitão e castigo máximo, prontamente convertido pelo nosso melhor marcador de penaltys. Discutiu-se, de imediato, com imagens dezenas de vezes repetidas, se era ou não falta dentro da área; afinal não foi e novamente a polémica instalada. Não nos livramos destas cruzes!
Mais alguns minutos de futebol bocejante e nova falta, agora sem margens para dúvidas, e o Óscar a facturar. Pensou-se então que a Reboleira era um passeio, com largas avenidas abertas para o golo, tanto mais que os amadorenses passaram a semana sem treinar e estão numa situação salarial bastante delicada. Puro engano! Como já vem sendo habitual, o ainda glorioso, fez questão de provar a resistência do coração dos seus adeptos e alheou-se completamente do jogo, deixando ao adversário caminho livre para fazer o que entendesse. Mais o estrela soubesse e algum acerto tivesse tido no momento da finalização e teríamos saído pela porta bem pequenina, vexados e humilhados perante uma equipa que fez das tripas coração para dignificar o espectáculo e, depois de bastante porfiar, conseguiu reduzir a desvantagem através de mais um penalty, com o selo de Judas, alguns segundos depois do árbitro ter fechado os olhos a um castigo máximo real, cometido pelo David Luiz, o que originou mais uns rios de tinta na imprensa escrita da especialidade. A primeira parte termina com o ainda glorioso encostado às boxes, à espera do desconto de tempo para recuperar energias.
Começa a segunda parte e, de imediato, é perceptível que os rapazes vestidos de vermelho ficaram nos balneários. Enquanto os tricolores porfiam à procura de, pelo menos, mais um golo, os ainda gloriosos limitam-se a ver jogar, não pressionando, não construindo, nada fazendo para dignificar o espectáculo. Nem as substituições, nem alguns gritos do treinador, nem o apoio dos indefectíveis adeptos provocam qualquer reacção, parecendo um bando de surdos a arrastarem-se pelo ervado, apenas à espera do apito final. É triste! É escandaloso! É uma vergonha! - comenta a assistência que consegue ver o primeiro remate do ainda glorioso à baliza do Estrela apenas aos 35 minutos!
Termina o jogo e o filme surreal continua: ouvimos os jogadores e técnicos declararem que mais vale jogar mal e ganhar do que jogar bem e perder! Inacreditável! Inaceitável! Um clube com os pergaminhos que o ainda glorioso ostenta, não pode enveredar por este caminho, sob risco de estar a renegar a sua brilhante história. O Benfica não pode jogar mal! O Benfica tem a obrigação de jogar SEMPRE bem! Mesmo que perca, mesmo que as coisas não corram de feição e os resultados não apareçam, é obrigação do Benfica JOGAR BEM E BOM FUTEBOL! Declarações como as proferidas no domingo após o jogo com o Estrela são gravíssimas e ofendem 6 milhões de portugueses, adeptos do ainda glorioso, e que não se revêem num Benfica que joga mal mas, às vezes, ganha!
A semana continuou surreal! Ninguém assume que o ainda glorioso é das equipas da Liga Sagres que, neste momento, está a praticar pior futebol. Ninguém entende a táctica, as constantes alterações na equipa, o posicionamento de alguns jogadores, o desinvestimento nalguns activos (alguém consegue explicar porque foi o Léo ‘despedido’? Aproveitámos alguma coisa com isso? Porque motivo o Óscar foi relegado para suplente? Que benefícios nos trouxe o Suazo? Porque não joga o Katso no lugar onde mais rende? Porque se insiste no Ruben Amorim a médio ala? E o David Luiz a defesa esquerdo é teimosia do treinador ou uma opção visionária? E o jogador que mais custou no início da época, Sidnei, desaprendeu de jogar? E tantas perguntas que os seis milhões de portugueses vão fazendo e para as quais não encontram respostas). Entretanto, lemos que já andam a preparar a próxima época e haverá dezenas de jogadores referenciados! Deve estar tudo doido! Assim é que contribuem para a estabilidade do plantel? Quem serão os empresários que estarão a salivar e a preparar as carteiras, esperando que a época acabe para fazer mais uns chorudos negócios no supermercado da Luz?
Dirigentes, equipa técnica, futebolistas! Envergar a camisola do Benfica foi durante anos motivo do maior orgulho nacional! Era ter na alma a chama imensa! 5 minutos à Benfica era deixar os adversários de rastos enquanto o ‘diabo esfregava um olho’! No ‘inferno da Luz’, os adversários apenas queriam não perder por muitos! Hoje, qualquer clube de bairro já tem a veleidade de vir para os jornais anunciar que vai jogar à Luz para ganhar e o pior é que ganha mesmo! Até parece que o inferno passou a Inverno, e frio! Esta falta de orgulho, a perda da famosa mística, não podem continuar, sob pena de nos limitarmos a sintonizar o Canal História para rever o Benfica a jogar bom futebol. Há que reagir rapidamente e restituir ao Glorioso a glória que, por direito próprio, é sua e de todos aqueles imortais que escreveram a letras de ouro das páginas mais belas da nossa história futebolística!
Ainda é tempo! Mas o tempo urge!


(Numa Casa do Benfica, 09 de Abril de 2009)
@Kar Luz Estrela

04/04/09

Sem parar Kar Luz Estrela... e o Benfica?

DIÁRIO DA REPÚBLICA


Uma das atribuições que diariamente me está incumbida é a leitura atenta do Diário da República. Momento interessantíssimo, essencialmente pela descoberta de uma panóplia de assuntos e situações que escapam ao comum dos mortais e que revelam quão profícuos e atentos à realidade do País em que vivemos estão os políticos que um dia elegemos, conforme os meus leitores se podem aperceber nos exemplos, escolhidos aleatoriamente e que, de seguida e com a devida vénia, transcrevo.
1. Portaria n.º 139/2009, de 3 de Fevereiro, do Ministério da Agricultura, do Desenvolvimento Rural e das Pescas.
Pela presente Portaria, ficam os Portugueses a saber que “é autorizada a importação de batata-semente da variedade Kennebec, originária das províncias de New Brunswick e Prince Edward Island, no Canadá, durante os períodos de 1 de Dezembro de 2008 a 31 de Março de 2009, de 1 de Dezembro de 2009 a 31 de Março de 2010 e de 1 de Dezembro de 2010 a 31 de Março de 2011.” Entretanto, “os importadores desta batata-semente devem participar à Direcção-Geral de Agricultura e Desenvolvimento Rural (DGADR), com a antecedência mínima de oito dias, os quantitativos a importar e a data provável da importação da batata, bem como a localização dos respectivos armazéns.” E podemos ficar descansados e comer sem qualquer problema batatas desta qualidade, porquanto determina a mesma Portaria que “aquando da chegada ao nosso país, a batata-semente é sujeita a inspecção fitossanitária, de acordo com o previsto na legislação em vigor.”
Como é saudável comer batatas Kennebec em Portugal!

2. Resolução da Assembleia da República n.º 3/2009, de 23 de Janeiro de 2009 – Plano nacional de promoção da bicicleta e outros meios de transporte suaves.
Resolve a nossa mui ilustre e douta A.R. recomendar ao excelso Governo da nação que “deve criar um grupo de trabalho (mais um!) com vista à elaboração, aprovação e apresentação à Assembleia da República de um plano nacional de promoção da bicicleta e outros modos de transporte suaves, entendidos como os meios de deslocação e transporte de velocidade reduzida, ocupando pouco espaço e com pouco impacte na via pública e sem emissões de gases para a atmosfera, como a simples pedonabilidade (desde que os peões não libertem gases!) ou a deslocação com recurso a bicicletas, patins, skates, trotinetas ou quaisquer outros similares. Este plano deve conter, entre outros objectivos, aumentar a percentagem de ciclistas em circulação em Portugal até 2012 (e não são só os da Volta a Portugal), a aprendizagem de utilização e outros modos de mobilidade suave (a cadeira de rodas também estará incluída nos modos de mobilidade suave?) e aprendizagem de regras de trânsito e a promoção do cicloturismo.
Todos a comprar bicicletas, trotinetas e patins em linha, já!

3. Portaria n.º 143/2009, de 5 de Fevereiro, da Presidência do Conselho de Ministros e Ministério da Defesa Nacional, do Ambiente, do Ordenamento do Território e do Desenvolvimento Regional, da Economia e da Inovação e da Agricultura, do Desenvolvimento Rural e das Pescas (esta deve ser importantíssima para ter tantos Ministérios envolvidos!) – Define os condicionalismos específicos ao exercício da pesca lúdica no Parque Natural do Sudoeste Alentejano e Costa Vicentina (PNSACV).
Determina então esta fundamental Portaria que “na área do PNSACV a pesca à linha pode ser exercida com um máximo de duas canas ou linhas de mão e por cada cana ou linha é permitida a utilização de um máximo de três anzóis e só é permitida de quintas-feiras a domingos e aos dias feriados, entre o nascer e o pôr do Sol. As espécies passíveis de apanha são: ouriços-do-mar, crustáceos, mexilhões, lapas, e burriés e ainda poliquetas para isco, sendo interdita a apanha de fêmeas de navalheira quando estas estiverem ovadas. A apanha, no entanto, só é permitida aos detentores de licença de pesca lúdica que sejam naturais ou residentes nos concelhos de Sines, Odemira, Aljezur e Vila do Bispo, sendo o peso máximo permitido de pesca diária de 7,5 kg.”
Acho muito bem! Os alfacinhas e outros que tais terminados em “inhas” não têm nada que ir roubar os recursos piscatórios ao pessoal do Sudoeste (alentejano, não o do Festival de Verão) e da Costa Vicentina.

4. Resolução da Assembleia da República n.º 24/2009, de 13 de Março de 2009 – Recomenda ao Governo a distribuição gratuita de frutas e legumes nas escolas e outras medidas dirigidas à prevenção e combate à obesidade infantil.
Preocupada com a obesidade infantil, a magnífica Assembleia da República resolveu recomendar ao sábio Governo da República a adesão ao programa comunitário de distribuição de frutas e legumes nas escolas, abrangendo a população da escolaridade obrigatória, devendo os produtos hortofrutícolas a distribuir ter preferencialmente origem nacional e serem resultantes do modo de produção biológica ou do modo de produção integrada. Recomenda ainda a excelsa Assembleia a preparação de um programa nacional de promoção do consumo de hortofrutícolas, a operacionalização de um observatório multidisciplinar para o acompanhamento do programa de distribuição de frutas e legumes nas escolas, a retirada da venda de alimentos hipersalinos e hipercalóricos das escolas (adeus batatas fritas, rissóis, croquetes, pasteis de bacalhau, chocolates, pastilhas e coca-cola), tudo na prossecução e reforço do Programa de Educação Alimentar em Meio Escolar, com uma efectiva mobilização da comunidade escolar nesse importante desígnio (quase desígnio nacional, escreveria eu) que é educar para estilos de vida saudáveis.”

Com a amostra recolhida, e quase sem palavras perante tamanha eloquência legislativa e preocupação pela saúde e bem-estar dos portugueses, é caso para dizer, e parafraseando um dos maiores vultos da nossa língua, quando esta ainda não era ultrajada: “Ditosa Pátria que tais legisladores tem!”


Pensamento anti-crise:
“Não penses no que já perdeste e no que ainda irás perder. Pensa no que podes fazer com o que tens.”
[1]


(A.R., 01 de Abril de 2009)
[1] Créditos: Ernest HEMINGWAY, “O Velho e o Mar”, pág. 82.
@Kar Luz Estrela