23/01/09

Aí está...

KAR…PIT…AL

Um roteiro lisboeta a dois


Já há uns meses que tínhamos decidido aproveitar um dia a passear por Lisboa, cidade de mil encantos e recantos, do fado e dos Santos Populares, das sete colinas e do Tejo, sempre o Tejo.
O dia anunciava-se primaveril, céu limpo, sem vento e uma temperatura amena (as previsões apontavam para uma mínima de 13º e uma máxima de 22º). Decidimos aproveitar a manhã para sentir o despertar de Lisboa e das suas gentes, o ritmo diário de uma multidão que percorre as ruas da capital em direcção aos mais variados locais de trabalho que proliferam na cidade.
Manhã cedo chegámos à Praça da Figueira apinhada de gente, de variadas etnias, profusão de cor e movimento, conversando numa plêiade de línguas que não entendemos. Muitos dos que se cruzaram connosco acabariam por passar por ali o dia, sem rumo certo.
Empreendemos de imediato a subida até ao miradouro da Graça. Tarefa extenuante, mas recompensada pela vista privilegiada que pudemos contemplar enquanto, refrescados pela agradável sombra de um pinheiro manso, bebíamos um chá preto, sem açúcar. E olhámos demoradamente o Castelo, a Mouraria, o Martim Moniz, a Baixa Pombalina e as ruínas do Convento do Carmo, avistámos a serra de Monsanto, até o nosso olhar repousar no Tejo.
Saciados, abandonámos aquele local deslumbrante, parando ainda noutro miradouro bem próximo daquele, o da Senhora do Monte, donde admirámos a Igreja da Graça, com a sua imponente torre, a frondosa colina do Castelo e a Mouraria, detivemos o olhar na Baixa pombalina, para depois o subir até ao Carmo e avistámos a serra de Monsanto e, a norte, as Avenidas Novas e a Penha de França, nunca perdendo de vista o Tejo. Faltou o serviço de chá mas, nas vistas, rivalizou com o da Graça.
Descemos à Baixa. Íamos almoçar ao Bairro Alto pelo que nada melhor do que aproveitar uma das atracções da capital e subir no elevador de Santa Justa.
Saciado o apetite, caminhámos até à Doca do Espanhol, em Alcântara, onde chegámos ainda a tempo de tomar lugar no veleiro Príncipe Perfeito para uma viagem no Barco Poético. Durante o percurso, o tema da conversa foi a poesia. Conversámos sobre poesia, ouvimos recitar poesia, respirámos poesia. A certa altura, pediste autorização para, também tu, recitares um poema. O orador de serviço aquiesceu de imediato, tentado pelo ineditismo da proposta, e então abriste o meu mouleskine, que me tinhas retirado da mochila sem que eu me tivesse apercebido, e declamaste um dos meus poemas, que foi depois dissecado na sua totalidade formal e de conteúdo até ao fim da viagem.
Ainda não refeitos da emoção daquele momento, entrámos na Galeria Quadrado Azul e demorámo-nos a contemplar a exposição de fotografia de Paulo Nozolino, bone-lonely, e a sua predilecção pelos ambientes escuros e universos sufocantes, em fotografias, muitas delas de grande formato.
Caía a tarde.
Antes de jantar, apeteceu-nos contemplar o dia a terminar. Subimos até ao Miradouro do Adamastor. Um chá verde e a noite a chegar, com todo o brilho das luzes que se iam acendendo a nossos pés e iluminando a cidade que ainda demoraria algumas horas a adormecer.
Antes do regresso a casa, que tinha o seu ponto de partida na Gare do Oriente, parámos no Casino de Lisboa, não nos jogos de muito azar e pouca fortuna, mas no espectáculo dos Stomp. O humor, o ritmo irresistível, o movimento, os objectos mais díspares e os sons resultantes da sua utilização, proporcionaram duas horas de espectáculo visualmente impressionante, o complemento ideal para fechar com chave de ouro este roteiro lisboeta.

À trave:
Ela: Amor! Para mim, a fidelidade é muito importante.
Ele: Para mim também, querida. É a minha companhia de seguros!

(Gare do Oriente, s.d.)
@kar Luz Estrela

1 comentário:

Anónimo disse...

O amor esta no ar...