08/11/10
Força Benfica. Vamos vencer os próximos desafios!
01/11/10
Partilhar é o que está a dar!
26/10/10
Vamos a eles
29/11/09
Sporting ganhou um ponto imerecido!
Abriu as hostilidades Oscar Cardozo, que antecipando-se a Polga ficou com Rui Patrício pela frente mas acabou por rematar forte mas ao lado da baliza.
O jogo seguiu com as duas equipas a procurarem sempre o caminho para a baliza adversária. Mais directo o Benfica, mais rendilhado o futebol que o Sporting apresentou esta noite em Alvalade num péssimo relvado.
A primeira parte acabou sem que o Benfica conseguisse marcar.
À entrada para o segundo tempo, a nossa equipa entrou mais forte no jogo e o meio-campo do Sporting deu os primeiros sinais de debilidade, com muitos espaços concedidos aos nossos jogadores.
Depois, o Benfica continuou a dispor das melhores ocasiões e em contra-ataque Di Maria e Ruben Amorim surgiram isolados e apenas os remates à figura impediram o Sporting de ficar em desvantagem Nesta altura surgiu o único remate com perigo desferido pelo Sporting e ao qual Quim respondeu com a defesa da noite, tendo com uma palmada cedido canto. Aparentemente o seleccionador nacional anda distraído.
Entretanto Javi Garcia abriu a cabeça num lance esquisito com Matias Fernandez e acabou por jogar o resto do encontro com a cabeça ligada.
Ramires, em mais um jogo em que percorreu quilómetros, acabou por desperdiçar uma das melhores oportunidades, deixando escapar a bola quando tinha só a baliza pela frente.
Enfim, mais um jogo sem marcar e em que Jesus acaba por fazer substituições tardias, nomeadamente a entrada de Fábio Coentrão.
18/11/09
Portugal! Portugal! Portugal!
Portugal! Portugal! Portugal!
16/11/09
Siga... o exemplo.
Começo por me congratular com a presença significativa dos aeronáuticos benfiquistas no 5º jantar....a mística voltou! Quero deixar um repto: que tal no próximo ano promover uma actividade lúdica, cultural ou desportiva a anteceder o jantar?
Viva o BENFICA
13/11/09
Um jantar cheio de estrelas
11/11/09
Jantar Benfiquista é já amanhã. Não faltes!
Blogue Aeronáutica Benfiquista sempre a pensar em si.
06/11/09
Habemos Acta
Não esquecer de que as inscrições decorrem até ao próximo dia 12NOV09. Ao pé de si tem, seguramente, um assentador de inscrições.
Segunda-feira à Batalha Naval. Todos ao jogo.
05/11/09
04/11/09
INSCRIÇÔES - A DECORRER
21/10/09
Jantar dos Benfiquistas
Dia: 12 de Novembro de 2009
Hora: 20 Horas (mais ou menos)
Local: ESTÁDIO DA LUZ (A nossa Catedral)
Restaurante Museu do Pão (Centro de Intervenção Gastronómica)
Dentro da mística Benfiquista que todos nós comungamos, e na sequência da tradição ainda recente, mas que certamente irá perdurar no futuro, é chegada a hora de promover mais um dos já famosos jantares anuais dos Gloriosos Benfiquistas da Força Aérea.
Neste sentido, apelo a todos vós, Pontos de Contacto em cada Unidade/Órgão, que promovam a divulgação mais alargada possível do grande evento, para que a informação chegue a todos os Benfiquistas, por forma a tornarmos esse dia uma data para recordar, demonstrando, pela qualidade e número de participantes, o verdadeiro sentido do “Ser Benfiquista!
Tendo presente a brilhante época, até ao momento, da nossa equipa de futebol (não esquecendo naturalmente o futsal, basket, andebol, voleibol, hóquei em patins… entre outras modalidades), tudo se conjuga para que ultrapassemos largamente o número de inscrições de anos anteriores. Vamos a isto!
Junto impresso para inscrições e ementa. Agradeço informação sobre o número de inscritos, até ao dia 9 de Novembro, para eu confirmar o número de presenças junto do restaurante. Naturalmente que se houver uma ou outra inscrição de última hora, será aceite.
Solicito ainda que, dentro do possível, recolham o dinheiro do pagamento do jantar do “vosso” pessoal, por questões de facilidade organizativa.
Viva o Benfica!
Saudações Benfiquistas
Jorge Lima
BUFFET DE ENTRADAS
Tábua de Queijo Amanteigado, Presunto e Chouriço
Pão São, Pão de Centeio e Broa de Milho
Bôla de Carne
Moelas em Molho de Tomate
Pataniscas de Bacalhau
Meia desfeita
Favas com Presunto
Polvo de Vinagrete
Feijão-frade com Atum
Enchidos Quentes
Tarte de Cogumelos
Empada de Atum
Orelha de Porco de Coentrada
Saladas
Creme de Legumes
PRATO QUENTE (UM À ESCOLHA)
Bacalhau Lascado com Broa, Batatinhas a Murro e Grelos
Cherne com Alcaparras
Lombo de Porco com Farinheira
Pato com Laranja e Arroz de Miúdos
BUFFET DE SOBREMESAS
Requeijão com Doce de Abóbora
Bolo de Chocolate
Pudim de Ovos
Bom Bocado
Bolo de Bolacha
Leite-creme
Pudim de Nata com Molho de Frutos Vermelhos
Tarte de Maçã
Arroz Doce Serrano
Fruta Laminada
BEBIDAS
Cerveja
Vinho Branco e Tinto
Água Mineral
Refrigerantes
Café
13/09/09
Belenenses x Benfica
Correr, lutar, trabalhar e jogar. Tudo num jogo só.
Habemos.... Equipa. vamos a ver se conseguimos manter esta dinâmica, este querer, esta vontade. estamos cá para colaborar, para ajudar, para empurrar.
Benficaaaaaaaaaaaa... Benficaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaa
Importa dizer que ficámos no meio dos sócios do Belém e fomos bem recebidos. Até os golos do Benfica foram bem recebidos, tal a qualidade da exibição que produzimos. Não se renderam, mas ficaram convencidos.
Não posso deixar de colocar a teoria que ouvi no final deste jogo e que é da autoria do amigo Manel. Diz ele para repararmos nos treinadores de grande parte das equipas do sul? Diz mais! Diz para ver onde é que eles trabalharam antes? Pois é! Qualquer dia somos nós a jogar num campeonato de equipas do norte.
Se quiser pode publicar as suas imagens e os seus textos.
Estamos de Volta
26/05/09
(Uma alegoria em 3 capítulos)
II – INCERTEZA
Inverno. Estação do frio, da neve e das chuvas. Estação em que apetece estar em casa, no quentinho da lareira, bem aconchegadinho e, depois de uma lauta refeição, aquecer o espírito e o corpo com uma boa aguardente portuguesa ou, nesta era globalizante, com um néctar das puras e cristalinas nascentes da Escócia ou da Irlanda.
Na capoeira apresentada no último texto, o Inverno começara periclitante e com muita tremideira, não só por causa do frio, dos ventos fortes e das chuvas intensas, naturais nesta estação, mas também por alguns resultados menos conseguidos nos concursos em que os seus galos estavam envolvidos, com destaque para alguma goleadas, associadas a exibições pouco mais que confrangedoras, de modo particularmente evidente no concurso “penas mais brilhantes”, que originaram que a capoeira não passasse da primeira fase da prova, situação humilhante e nada consentânea com pergaminhos que ainda exibiam, embora já só tidos em conta e ainda (in)visíveis no Canal Proto-História.
Quanto ao principal concurso, algumas derrapagens com contendores menos qualificados, não só devido a pelejas menos conseguidas, como também a alguma indefinição da estruturação da equipa e ainda, convém não esquecer, embora seja uma verdade dolorosa para alguns poderes entretanto instituídos, por força de algumas decisões da comissão arbitral no mínimo duvidosas, para não lhes chamar escandalosas, lançaram os primeiros sinais de alerta para o perigo de que os objectivos traçados no início da época poderiam não vir a ser alcançados.
Apesar desses avisos, não houve reforços de Inverno, pois os tempos das galinhas gordas já lá iam há muitos anos, mas a esperança de que a capoeira ainda tinha argumentos, entenda-se, valores galináceos mais que suficientes para levar de vencida os concursos em que ainda estava envolvida era bastante forte.
Puro engano! Após o humilhante afastamento do concurso “penas mais brilhantes”, eis que a capoeira é posta à novamente posta prova, desta vez numa partida decisiva para manter as suas aspirações intactas na vitória do concurso “esporas mais lustrosas”. A luta, teoricamente falando/escrevendo, parecia desigual, pelo menos em termos de valores individuais. No entanto a outra capoeira, também conhecida pelos “bebés do mar”, estava a fazer furor já que, tendo subido de escalão no ano anterior, mantinha-se neste ano na luta pelos lugares cimeiros da tabela, tendo inclusive levado de vencida os desafios que efectuara nas capoeiras do Jojó e Fifi, atrevimento que raiara a escândalo nacional!
A peleja foi renhida mas a capoeira do Lulu mais uma vez claudicou e foi afastada sem honra nem brilho de mais um concurso.
Restavam agora dois concursos para salvar um pouco a época, sendo que o “melhor canto de alvorada” era o mais apetecível pois dava acesso directo à disputa da liga milionária das capoeiras europeias. Mas depois de uma breve passagem pelo lugar cimeiro da classificação, essa almejada conquista começava a dar sinais preocupantes de começar a regredir, necessitando de um novo alento para voltar à senda dos triunfos empolgantes.
A meio do Inverno, surgiu a refrega mais esperada contra a capoeira do Jójó. A capoeira do Lulu vinha de uns jogos em que o nível exibicional não fora do agrado da maior parte dos seus adeptos, temendo-se que fosse mais um jogo, a exemplo de anos recentes, em que os do Jojó passeassem a sua classe, humilhando, de novo, a capoeira do Lulu. Mas tal não aconteceu de todo. Fazendo uma exibição a raiar a perfeição e que muitos pensavam não estar ao alcance daquela equipa, a capoeira do Lulu quase conseguia levar de vencida o encontro, não fora uma decisão infeliz da equipa de fiscalização das regras do jogo que decidiu aproveitar um tropeção numa pedra existente no terreno para assinalar um castigo máximo, retirando desse modo a possibilidade de uma vitória mais que justa e merecida, além do consequente acesso ao primeiro lugar do concurso. Foi um balde de água fria, imerecido, mas que, de imediato, quebrou o ânimo da capoeira, que passou o resto do Inverno a arrastar-se, sendo por vezes confrangedor o espectáculo que oferecia nas pelejas que ia disputando.
O moral estava em baixo, as exibições reflectiam essa realidade, e a capoeira do Lulu que estivera no topo da classificação quedava-se agora por um modesto terceiro lugar, o que já não era novidade nos últimos quatro anos, pois fora, mais uma vez e com muita tranquilidade, ultrapassada pela capoeira do Fifi.
As esperanças ainda não estavam totalmente perdidas e convinha não esquecer que, com algum mérito, iria disputar a final do concurso “crista mais imponente” contra a capoeira do Fifi, no primeiro dia da Primavera, encontro aguardado com bastante expectativa, mas também com muita confiança pela parte do adversário e alguma apreensão da capoeira do Lulu. Claro que a vitória nesse concurso não salvava a época, tanto mais que era um concurso menor, introduzido no ano anterior e patrocinado por uma marca de milho híbrido sem grande implantação no mercado. Mas sempre era melhor ganhar alguma coisa do que nada.
Chegou o grande dia. O encontro disputou-se num estádio neutro, mas com lotação esgotada de apoiantes de ambas as equipas. Mas como já estávamos na Primavera, as incidências deste jogo e do resto da temporada continuarão na próxima crónica.
(tarde, mas continuou…)
Pó de talco:
Dúvida existencial: será que as motos em Inglaterra têm o volante do lado direito?
(há 15 dias, quase…)
08/05/09
Crónica, mais uma...e sempre a cortar.
(Uma alegoria em 3 capítulos)
I – ESPERANÇA
Chegou o Verão e com ele a agitação normal provocada pelos galos que, entretanto, tinham crescido e pelos que Lulu, o rei da capoeira, tinha comprado há uns dias, prevendo-se que ainda chegassem mais alguns.
Muitos não entendiam aquela política de aquisições, preferindo que deixassem crescer ainda mais os da casa que, num futuro próximo, estariam aptos para mandar na capoeira e impor a ordem e o respeito que só um galo de qualidade superior consegue. Não entendiam por isso como, tendo condições ideais para o desenvolvimento sustentado e equilibrado dos galos naturais daquela casa, Lulu continuasse adquirir nos mais diversos mercados, a preços exorbitantes e muitas vezes de qualidade duvidosa, galos que pouco ou nenhum valor acrescentavam à capoeira. Além disso, alguns desses galos já traziam incorporadas maleitas de vária ordem, o que tornava o seu rendimento quase nulo, revelando-se, por isso, um investimento deveras ruinoso para as já bastante depauperadas finanças da capoeira. Não percebiam tais compras, a não ser que servissem para lavagem de dinheiro ou para encher os bolsos de algum intermediário, bem como não entendiam que todos os dias a folha oficiosa da capoeira publicitasse compras e vendas de galos, como se estivessem num supermercado.
Naquele Verão, Lulu anunciava, mais uma vez, a quem o quisesse ouvir, que nesse ano tinha os melhores galos das capoeiras do distrito, pelo que ninguém os bateria em qualquer concurso, fosse de que tipo fosse: “melhor canto de alvorada”, “esporas mais lustrosas”, “penas mais brilhantes” ou “crista mais imponente”. Ninguém adquirira galos tão bons como ele e os adversários que se cuidassem! E para que não restassem dúvidas, promovera um dos galos mais carismáticos a seu braço direito, que ficou responsável por verificar as qualidades dos intervenientes, e que gozava de grande estima em toda a capoeira, não só no lado dos machos, como também as fêmeas o adoravam e tantas vezes sonhavam com um ovo com a sua assinatura.
Em pleno Verão, começaram os vários concursos promovidos pelas capoeiras do distrito. E aos galos desta capoeira era vê-los distintos, garbosos no seu porte, pavoneando-se (deveria escrever galando-se, já que se tratava de galos e não de pavões, mas estes tinham tanto de falsa imodéstia que era o que apetecia chamar-lhes), antecipando conquistas, fama e glória que, para já, não passavam de meras e remotas hipóteses.
E a realidade começou a mostrar-se um pouco adversa aos ilustres intentos de tão pseudo prestigiados galos. O início dos variados concursos foi titubeante, fraquinho mesmo, mas como as outras capoeiras também não estavam nos seus melhores dias, a coisa até acabou por se compor. E assim, ao fim de algum tempo, aqueles galos, contra todas as perspectivas dos adversários, estavam no lugar cimeiro no concurso “melhor canto de alvorada” (o melhor, o mais prestigiado, o mais cobiçado e o economicamente mais rentável) e quanto aos outros, a sua prestação fora até aí razoável no “esporas mais rentáveis”, tinham sofrido alguns percalços no “penas mais brilhantes” e mantinham-se firmes no “crista mais imponente”. A capoeira ia festejando da melhor forma possível tais performances, por vezes com festas de arromba, que duravam até altas horas da noite, de tal modo que chegou a acontecer que um ou dois dias a capoeira ficou a dormir até mais tarde porque nenhum galo acordou a tempo do canto de alvorada, o que foi visto por alguns visionários (tais Cassandras fora de tempo) como o prenúncio de que o lugar entretanto alcançado poderia estar em perigo. Mas quais troianos de orelhas moucas e ouvidos endurecidos pelas inebriantes festarolas, ninguém queria ouvir os presságios. O tempo era de alegria, era de esperança, havia que festejar e celebrar algo que já não ocorria há uns bons pares de anos.
Esperança era, aliás, a palavra mais ouvida na capoeira, desde os galos a Lulu, passando pelas galinhas. Este ano iria ser de arromba e não haveria galo que os batesse. Claro que apenas no “canto de alvorada” porque, apesar dos investimentos feitos no Verão, era notório que para os outros a manta não chegava. Mas isso era secundarizado pela conquista do título do principal concurso.
Passou o Verão, começou o Outono e a esperança não só se manteve como se reforçou, apesar de alguns pequenos tropeções de somenos importância. A confiança que se apoderara da capoeira transbordava pelo distrito e, ufano, Lulu gabava-se aos quatro cantos que os seus galos eram, finalmente, os melhores. Para já, só dali, mas em breve seriam também os melhores do mundo! Claro que os principais adversários, chefiados por Jojó e Fifi, e os restantes contendores não estavam muito dispostos a ouvir aquilo que consideravam simples e puras baboseiras e, sempre que podiam, ou lhes era permitido falar, porque as regras dos concursos eram muito rigorosas e botar faladura era só quando estava definido e previsto, achincalhavam Lulu e riam-se das suas veleidades de conquistar alguma coisa nesse ano. “Guardado está o melhor bocado!”, era frequente ouvi-los sussurrar nos corredores por onde circulavam e se cruzavam antes de cada prova dos concursos.
Mas Lulu não os ouvia. Esse ano ia ser da sua capoeira, nem que a galinha tossisse!
E o tempo parecia dar-lhe razão pois, de vitória em vitória, a capoeira chegou ao fim do Outono em primeiro lugar no concurso “melhor canto de alvorada”. Quanto às outras contendas, e à excepção da “crista mais imponente”, as coisas não iam famosas, mas isso pouco importância tinha. A esperança residia na capoeira e a vitória na principal competição ia ser canja…de galinha!
(há-de continuar um dia destes…)
Pé de galo:
Evite o vírus! Ferva o computador antes de o usar!
(aqui, hoje)
29/04/09
Kar Luz Estrela... Sem Assunto
SEM ASSUNTO
Hoje não tenho assunto. O Glorioso ganhou (embora na 2.ª parte parecesse que um rapaz de nome Rui Costa, mas que não tem nada a ver com o nosso querido e bem amado Rui, teria apostado em que não se conseguisse tal desiderato) e os outros também ganharam. Ainda se reacenderam algumas esperanças com o golão do Estrela mas o levezinho logo tratou de as apagar. O título é pouco mais que uma miragem e o segundo lugar de acesso à pré-liga dos milhões já começa a ser visto por um canudo. Esta é a realidade e não vale a pena andar a escamoteá-la e camuflá-la com declarações oportunistas, que em nada contribuem para o engrandecimento do Glorioso, pelo contrário, são oportunidades perdidas em que o melhor e mais proveitoso seria ficar calado!
Por isso, e repetindo-me, hoje não tenho assunto.
Poderia, a exemplo de escritos anteriores, brindar os meus estóicos leitores com um texto completamente fora de contexto, com alguma citação de um autor célebre ou celebrizado, plagiar o que ainda de útil se vai escrevendo ou, quiçá, reproduzir o que, ao longo das leituras correntes da imprensa diária ou semanal, de mais interessante ou fora do comum se vai publicando. Mas nada me ocorre com importância suficiente para partilhar com quem lê estas pseudo crónicas. Ainda pensei esperar pelas Aspirinas já há tanto tempo anunciadas e nunca concretizadas, quase fazendo lembrar as equipas maravilha das últimas quatro épocas do Glorioso que o melhor que têm conseguido é um honroso (?) terceiro lugar! Mas também elas devem estar com falta de inspiração ou sem assunto e a sua estreia parece adiada sine die.
Poderia também escrever, por exemplo, sobre a criatividade que todos os dias se vai descobrindo na arca de Fernando Pessoa, ou fazer uma análise crítica à última viagem do José Saramago (que, como os meus leitores bem estão recordados, foi de elefante até Roma), ou ainda comentar em voz suave e não gritada o excelente livro que a excelsa escritora pré-candidata ao Nobel, Júlia Pinheiro, acabou de dar à estampa.
Também poderia comentar o surto de gripe suína que acabou de se manifestar nos seres humanos, a começar nos mexicanos (coitados, como se já não bastasse terem sido colonizados pelos espanhóis e terem de partilhar uma fronteira de milhares de quilómetros com os gringos, ainda têm agora de levar com esta gripe), ou dos casos que a justiça portuguesa tem resolvido (estou a lembrar-me de casos recentes como a Casa Pia e o Freeport, mas não esquecendo o caso Melancia, o Aquarparque, a queda da ponte de Entre-Os-Rios, entre outros tristemente célebres, ou ainda, e olhando para a área desportiva, o Apito Dourado), de tal forma que só falta a aprovação formal para ser inscrita no Guiness como a justiça mais célere do mundo, ou até a crise mundial que está para durar. Mas também não tenho engenho nem arte para tal, pois a crise, até a da falta de assunto, quando chega é para permanecer por muito tempo.
Também poderia falar de amor e ódio, de união e separação, de como se sentir feliz com 480 euros mensais tendo mulher e dois filhos para sustentar, prestação da casa e do carro para pagar e um crédito da Cofidis de 500 euros que já se anda a pagar há 3 anos mas que ainda permanece nos 600 euros de dívida. Mas se esta é uma realidade para milhares e milhares de portugueses, para quê continuar a insistir no que todos vêm (menos os cegos, leia-se alguns dirigentes deste ainda belo país à beira-mar implantado), pois tal apenas agravaria ainda mais a revolta e a impotência que se vai sentindo naqueles que hoje em dia ainda vão sobrevivendo mas apenas ligeiramente acima do limiar da pobreza.
Poderia até escrevinhar qualquer coisa sem nexo, apenas deixando os dedos correr pelas teclas sem qualquer interferência do cérebro, de modo a dar corpo a textos com títulos como “Kafka e a Estratégia Milenar de Construção de Teias de Aranha”, por exemplo, embora Kafka esteja mais relacionado com “misteriosos insectos” (a este propósito, ver “A Metamorfose”), ou “Galileu e a Lógica Infinitesimal Aplicada ao Movimento das Asas das Gaivotas”, ou ainda “Capitães de Abril e Capitães de Maio: um Mês de Diferença.” Mas estariam os meus dedos dispostos a aprofundar uma matéria tão vasta e assuntos tão transcendentes? Duvido.
Entretanto e aqui chegado, já estou a ouvir alguns comentários dos meus ainda leitores sobre a minha obsessão por K. E tenho de lhes dar razão! Não que seja obcecado mas que é um dos meus autores de referência, disso podem ter a certeza. E por falar em autores, aconselho vivamente que voltem ao meu texto editado em 02 de Janeiro de 2009 e, se possível, deliciem-se com as escolhas de livros que aí apresento. Verão (lerão) que são pequenas grandes pérolas que os ajudarão a enfrentar com um pouco mais de qualidade estes tempos de agrura e desencanto que estamos a viver. Ah! À referida lista acrescentem “Bomarzo”, de Manuel Lujica Lainez, e “As Vozes do Rio Pamano”, de Jaume Cabré. Imperdíveis!
E como a falta de assunto já está uma autêntica conversa fiada, por hoje é melhor ficar por aqui.
Sem assunto (versão reduzida):
Decisões pré-divórcio:
Ele: Estou farto! O melhor é o divórcio. Quanto à casa, e como é grande, dá para ficares com um lado e eu com outro. Escolhe!
Ela: Muito bem. Eu fico com o lado de dentro e tu ficas com o lado de fora!
(s.l., s.d.)
@Kar Luz Estrela
24/04/09
(III PARTE)
Motivos de ordem pessoal originaram que a última crónica não tivesse sido entregue ao editor na data aprazada perdendo, desse modo, alguma actualidade, embora não a sua realidade. Pelo facto me penitencio perante aqueles que ainda têm paciência para consumir algum tempo a espreitar este blog e o que nele se vai editando. Claro que o mais interessante são as ligações à actualidade informativa do ainda glorioso, passando estas crónicas para um mero pretexto de ocupação de espaço.
Fazendo uma pequena retrospectiva do que já por aqui está escrito (e com esta já é a 30.ª crónica, número que nunca pensara atingir), reconheço que nem sempre o articulado terá correspondido ao desejado (não associar ao D. Sebastião, p.f.). Muita parra e pouco sumo encarnado têm transparecido, culpa, certamente, de mais uma época futebolística que vai de novo ficar aquém das expectativas sempre altas que se vão gerando durante os meses de Junho a Agosto. E culpa de quem? Antes de mais, da equipa de futebol profissional, dos técnicos e dos dirigentes. Mas também não estão isentas de responsabilidade no descalabro classificativo actual algumas arbitragens tendenciosas (assim de repente estou a lembrar-me dos jogos na catedral contra o V. Setúbal, o Nacional da Madeira e a Académica e ainda do jogo no dragão, pelejas em que fomos altamente prejudicados, tendo como contraponto apenas termos sido algo beneficiados no jogo caseiro contra o Braga). E perante tantos e tão graves atropelos à verdade desportiva, qual foi a reacção dos nossos dirigentes? Pouco mais que uma confrangedora pobreza franciscana (não confundir com a do Padre Vítor Melícias que vale 7.500 euros mensais!). Necessário se impunha, em tais situações, que o SLB tivesse, de uma forma clara e inequívoca, e em sede própria, manifestado a sua indignação por ter sido escandalosamente escamoteado naqueles jogos e noutros que o cronista agora não recorda (com a idade a memória fenece!).
Questiona-se o cronista como, tendo o SLB um director de comunicação conceituadíssimo, os comunicados que vão sendo emitidos são pouco mais que incipientes e de uma indigência confrangedora. Temos de ser incisivos e contundentes na razão que nos assiste, sempre que somos prejudicados, roubados, espezinhados e vilipendiados.
Não queremos guerra. Mas exigimos uma resposta firme e atenta contra as manobras de bastidores que a Liga e os seus correligionários estão constantemente a fazer contra o SLB. Não pretendo afirmar para já e taxativamente que o SLB é o Clube a abater pela Liga, tanto mais que tem sido o que maior contributo tem prestado no enchimento dos cofres daquele organismo que (in)gere o futebol nacional com as multas constantes de que é alvo, mas é por demais evidente que é o que dá a entender.
O SLB não pode continuar a pactuar com todos aqueles (e são muitos) que só perseguem um objectivo: destruí-lo! Para que esses abutres não consigam os seus intentos, imperioso se torna:
1. Uma direcção forte e solidária.
2. Blindagem do balneário.
3. Um director desportivo que faça a ponte entre a direcção e o balneário.
4. Uma política de comunicação que só apresente factos e casos concretos, incidindo de modo especial nas situações de claro e objectivo prejuízo para o SLB. Neste aspecto é ainda mister terminar com a desinformação que alimenta os jornais desportivos nacionais, que não podem continuar a sobreviver apenas à custa do SLB e das transacções diárias de jogadores que se vão propagandeando no ainda glorioso.
5. Uma equipa de futebol que jogue por amor à camisola. Para isso, além de lançar cada vez em maior número jogadores oriundos da formação, necessário se torna também controlar eficazmente os jogadores da equipa principal, de modo a que percebam que vestir a camisola do glorioso é motivo de orgulho que não se compadece com noitadas constantes pelos bares e outros estabelecimentos similares da capital e arredores.
6. Fazer do Centro de Estágio a casa dos jogadores do SLB.
Estes são apenas alguns pontos mas, na opinião do cronista, essenciais para que o SLB volte a ser o clube que conhecemos em gloriosas décadas passadas e queremos voltar a ver nos estádios nacionais e por esse mundo fora, orgulhoso da camisola que enverga e da história que o fez grande entre os maiores.
Havemos de voltar a reflectir sobre esta temática!
Obs.: O SLB ganhou o último jogo, contra as previsões de muita gente avalizada, quando começou a pressionar o adversário à saída da sua área, exercendo a chamada ‘pressão alta’. É difícil perceber que esta é a forma mais eficaz para levar de vencida a maior parte dos adversários da Liga Sagres? Para o cronista não é. Difícil é perceber porque não jogaram assim a maior parte das vezes!...
(Aqui e agora, 24 de Abril de 2009)
22/04/09
Estamos atrasados
O motivou para o atraso foi de âmbito pessoal. Quanto ao(s) motivo(s) para o atraso do nosso clube... esse não sei.
Fica a crónica do Kar Luz.
(II PARTE)
O cronista chega a casa, depois de mais um dia de extenuante trabalho. Abre a caixa do correio e depara-se com um envelope hermeticamente fechado, sem remetente e sem qualquer carimbo dos correios, dando a sensação de ter sido ali colocado pessoalmente.
Já recostado no sofá da sala, preparado o jameson com duas pedras de gelo e uma água das pedras, decide abrir o envelope.
No interior, um outro envelope, cheio de carimbos “secreto”, aguça a curiosidade do cronista que se apressa a abri-lo, sentindo já a excitação a apoderar-se dos seus movimentos cada vez mais rápidos.
Aberto o envelope, vê que contém várias folhas dactilografadas, também com carimbo “secreto”. Desdobra-as e começa a ler:
Reunião da Liga de Clubes, Porto, 14 de Abril de 2009.
“Tem a palavra o Sr. Presidente:
- Meus senhores! Antes de mais, um voto de louvor ao glorioso FCP que, se tudo correr como planeámos, amanhã carimbará a passagem às meias-finais da Liga Milionária!
(Todos os presentes se levantam e aplaudem durante cerca de 5 minutos. Ouvem-se vivas ao fcp, ao grande p da c e ainda alguns mimos a um clubezito da capital dos mouros que não convém transcrever em acta…)
- Ilustres confrades, continua o Sr. Presidente, a nossa estratégia, sabiamente planeada há quase um ano, está a resultar em pleno! A mui nobre e invicta cidade do Porto, que ainda há-de voltar a ser a capital do Portugal autêntico, do Portugal acima do Mondego, volta a ver o seu filho muito querido, estimado e amado FCP tetra campeão! Não é de aplaudir?
- Claro que é!, gritam todos em uníssono.
(De novo todos os presentes se levantam e aplaudem durante cerca de 10 minutos. Ouvem-se vivas ao fcp, ao grande p da c e ainda alguns mimos a um clubezito da capital dos mouros que não convém transcrever em acta…)
- Amigos, recomeça o Sr. Presidente, continuando a debater a estratégia montada no ano passado, temos de nos sentir orgulhosos pelo 2.º lugar que os lagartos tão brilhantemente têm consolidado nas últimas jornadas!
- É de aplaudir, Sr. Presidente?, questiona o presidente do Beira-Mar.
- Claro!
(Mais uma vez todos os presentes se levantam e aplaudem durante cerca de 2 minutos. Ouvem-se vivas ao fcp, ao grande p da c, ao construtor franco e ainda alguns mimos a um clubezito da capital dos mouros que não convém transcrever em acta…)
- Companheiros, retoma a palavra o Sr. Presidente, temos de garantir que, nas 6 jornadas que ainda faltam, o Nacional da Madeira e o Sporting de Braga ultrapassem os lampiões para que, desse modo, nos possamos sentir orgulhosos pela estratégia planeada para esta época futebolística! Para isso, já coordenei com o Presidente da Comissão de Arbitragem que seja distribuído aos árbitros dos próximos jogos dos encarnados o dvd do último jogo, contra a gloriosa académica da douta cidade de Coimbra, para terem actuações semelhantes à do nosso grande amigo madeirense…
- Isso mesmo, Sr. Presidente!, entusiasma-se o presidente da União de Leiria.
- E é de aplaudir!, empolga-se o presidente do Rio Ave.
(E novamente todos os presentes se levantam e aplaudem durante cerca de 15 minutos. Ouvem-se vivas ao fcp, ao grande p da c, ao nacional, ao jesus e ainda alguns mimos a um clubezito da capital dos mouros que não convém transcrever em acta…)
- E a Taça da Liga, Sr. Presidente?, questiona o presidente do Leixões, no fim dos aplausos.
- Isso? Foi um presente envenenado! Assim, durante muito tempo eles nunca podem dizer muito porque aquele penalty estará para sempre atravessado no caneco! Mais uma jogada de mestre desta grande Liga! Viva a Liga!
- Viva!, gritam todos os presentes em uníssono que, de imediato se levantam e, durante cerca de 20 minutos bradam vivas à Liga, ao seu presidente, à sua comissão disciplinar, à sua comissão de arbitragem, ao fcp, ao grande p da c, e ainda muitos e variados mimos a um clubezito da capital dos mouros que não convém transcrever em acta…)
Livre (in)directo:
Prioridade é a idade do prior. [1]
(Em casa, 16 de Abril de 2009)
[1] Crédito: José SESINANDO in Jornal de Letras, Artes e Ideias, n.º 1000
14/04/09
E depois do Adeus
…perguntava o gestor deste blog, na última semana. Para tentar dar resposta a essa pergunta, que será também dúvida e, quiçá, uma inquietação, esta semana, que no calendário litúrgico se identifica como pascal, debrucei-me um pouco mais sobre o Glorioso.
Assim, e contra os meus princípios, lá fui ver o jogo de domingo, numa das centenas de Casas do Benfica espelhadas por esse país fora.
A assistência não ultrapassava a meia casa, a exemplo do Estádio José Gomes, porque a confiança já não assenta arraiais nas hostes encarnadas. Aliás, era bem patente no rosto de quase todos os presentes algum desencanto por mais uma época que se adivinha já, no mínimo, frustrante. Tanto investimento, tantos nomes sonantes, tanta esperança num director desportivo que sente o Benfica como poucos mas, chegados aos dias de hoje, a desilusão tomou conta do sonho. Nem a taça da carlsberg aqueceu os ânimos. E a desconfiança na equipa, nos técnicos, no nosso bem amado Rui, na direcção, vai ganhando contornos algo preocupantes.
Começa o jogo. Início algo atabalhoado, pouca objectividade e fio de jogo e, de repente, a queda do capitão e castigo máximo, prontamente convertido pelo nosso melhor marcador de penaltys. Discutiu-se, de imediato, com imagens dezenas de vezes repetidas, se era ou não falta dentro da área; afinal não foi e novamente a polémica instalada. Não nos livramos destas cruzes!
Mais alguns minutos de futebol bocejante e nova falta, agora sem margens para dúvidas, e o Óscar a facturar. Pensou-se então que a Reboleira era um passeio, com largas avenidas abertas para o golo, tanto mais que os amadorenses passaram a semana sem treinar e estão numa situação salarial bastante delicada. Puro engano! Como já vem sendo habitual, o ainda glorioso, fez questão de provar a resistência do coração dos seus adeptos e alheou-se completamente do jogo, deixando ao adversário caminho livre para fazer o que entendesse. Mais o estrela soubesse e algum acerto tivesse tido no momento da finalização e teríamos saído pela porta bem pequenina, vexados e humilhados perante uma equipa que fez das tripas coração para dignificar o espectáculo e, depois de bastante porfiar, conseguiu reduzir a desvantagem através de mais um penalty, com o selo de Judas, alguns segundos depois do árbitro ter fechado os olhos a um castigo máximo real, cometido pelo David Luiz, o que originou mais uns rios de tinta na imprensa escrita da especialidade. A primeira parte termina com o ainda glorioso encostado às boxes, à espera do desconto de tempo para recuperar energias.
Começa a segunda parte e, de imediato, é perceptível que os rapazes vestidos de vermelho ficaram nos balneários. Enquanto os tricolores porfiam à procura de, pelo menos, mais um golo, os ainda gloriosos limitam-se a ver jogar, não pressionando, não construindo, nada fazendo para dignificar o espectáculo. Nem as substituições, nem alguns gritos do treinador, nem o apoio dos indefectíveis adeptos provocam qualquer reacção, parecendo um bando de surdos a arrastarem-se pelo ervado, apenas à espera do apito final. É triste! É escandaloso! É uma vergonha! - comenta a assistência que consegue ver o primeiro remate do ainda glorioso à baliza do Estrela apenas aos 35 minutos!
Termina o jogo e o filme surreal continua: ouvimos os jogadores e técnicos declararem que mais vale jogar mal e ganhar do que jogar bem e perder! Inacreditável! Inaceitável! Um clube com os pergaminhos que o ainda glorioso ostenta, não pode enveredar por este caminho, sob risco de estar a renegar a sua brilhante história. O Benfica não pode jogar mal! O Benfica tem a obrigação de jogar SEMPRE bem! Mesmo que perca, mesmo que as coisas não corram de feição e os resultados não apareçam, é obrigação do Benfica JOGAR BEM E BOM FUTEBOL! Declarações como as proferidas no domingo após o jogo com o Estrela são gravíssimas e ofendem 6 milhões de portugueses, adeptos do ainda glorioso, e que não se revêem num Benfica que joga mal mas, às vezes, ganha!
A semana continuou surreal! Ninguém assume que o ainda glorioso é das equipas da Liga Sagres que, neste momento, está a praticar pior futebol. Ninguém entende a táctica, as constantes alterações na equipa, o posicionamento de alguns jogadores, o desinvestimento nalguns activos (alguém consegue explicar porque foi o Léo ‘despedido’? Aproveitámos alguma coisa com isso? Porque motivo o Óscar foi relegado para suplente? Que benefícios nos trouxe o Suazo? Porque não joga o Katso no lugar onde mais rende? Porque se insiste no Ruben Amorim a médio ala? E o David Luiz a defesa esquerdo é teimosia do treinador ou uma opção visionária? E o jogador que mais custou no início da época, Sidnei, desaprendeu de jogar? E tantas perguntas que os seis milhões de portugueses vão fazendo e para as quais não encontram respostas). Entretanto, lemos que já andam a preparar a próxima época e haverá dezenas de jogadores referenciados! Deve estar tudo doido! Assim é que contribuem para a estabilidade do plantel? Quem serão os empresários que estarão a salivar e a preparar as carteiras, esperando que a época acabe para fazer mais uns chorudos negócios no supermercado da Luz?
Dirigentes, equipa técnica, futebolistas! Envergar a camisola do Benfica foi durante anos motivo do maior orgulho nacional! Era ter na alma a chama imensa! 5 minutos à Benfica era deixar os adversários de rastos enquanto o ‘diabo esfregava um olho’! No ‘inferno da Luz’, os adversários apenas queriam não perder por muitos! Hoje, qualquer clube de bairro já tem a veleidade de vir para os jornais anunciar que vai jogar à Luz para ganhar e o pior é que ganha mesmo! Até parece que o inferno passou a Inverno, e frio! Esta falta de orgulho, a perda da famosa mística, não podem continuar, sob pena de nos limitarmos a sintonizar o Canal História para rever o Benfica a jogar bom futebol. Há que reagir rapidamente e restituir ao Glorioso a glória que, por direito próprio, é sua e de todos aqueles imortais que escreveram a letras de ouro das páginas mais belas da nossa história futebolística!
Ainda é tempo! Mas o tempo urge!
(Numa Casa do Benfica, 09 de Abril de 2009)
04/04/09
Sem parar Kar Luz Estrela... e o Benfica?
Uma das atribuições que diariamente me está incumbida é a leitura atenta do Diário da República. Momento interessantíssimo, essencialmente pela descoberta de uma panóplia de assuntos e situações que escapam ao comum dos mortais e que revelam quão profícuos e atentos à realidade do País em que vivemos estão os políticos que um dia elegemos, conforme os meus leitores se podem aperceber nos exemplos, escolhidos aleatoriamente e que, de seguida e com a devida vénia, transcrevo.
1. Portaria n.º 139/2009, de 3 de Fevereiro, do Ministério da Agricultura, do Desenvolvimento Rural e das Pescas.
Pela presente Portaria, ficam os Portugueses a saber que “é autorizada a importação de batata-semente da variedade Kennebec, originária das províncias de New Brunswick e Prince Edward Island, no Canadá, durante os períodos de 1 de Dezembro de 2008 a 31 de Março de 2009, de 1 de Dezembro de 2009 a 31 de Março de 2010 e de 1 de Dezembro de 2010 a 31 de Março de 2011.” Entretanto, “os importadores desta batata-semente devem participar à Direcção-Geral de Agricultura e Desenvolvimento Rural (DGADR), com a antecedência mínima de oito dias, os quantitativos a importar e a data provável da importação da batata, bem como a localização dos respectivos armazéns.” E podemos ficar descansados e comer sem qualquer problema batatas desta qualidade, porquanto determina a mesma Portaria que “aquando da chegada ao nosso país, a batata-semente é sujeita a inspecção fitossanitária, de acordo com o previsto na legislação em vigor.”
Como é saudável comer batatas Kennebec em Portugal!
2. Resolução da Assembleia da República n.º 3/2009, de 23 de Janeiro de 2009 – Plano nacional de promoção da bicicleta e outros meios de transporte suaves.
Resolve a nossa mui ilustre e douta A.R. recomendar ao excelso Governo da nação que “deve criar um grupo de trabalho (mais um!) com vista à elaboração, aprovação e apresentação à Assembleia da República de um plano nacional de promoção da bicicleta e outros modos de transporte suaves, entendidos como os meios de deslocação e transporte de velocidade reduzida, ocupando pouco espaço e com pouco impacte na via pública e sem emissões de gases para a atmosfera, como a simples pedonabilidade (desde que os peões não libertem gases!) ou a deslocação com recurso a bicicletas, patins, skates, trotinetas ou quaisquer outros similares. Este plano deve conter, entre outros objectivos, aumentar a percentagem de ciclistas em circulação em Portugal até 2012 (e não são só os da Volta a Portugal), a aprendizagem de utilização e outros modos de mobilidade suave (a cadeira de rodas também estará incluída nos modos de mobilidade suave?) e aprendizagem de regras de trânsito e a promoção do cicloturismo.
Todos a comprar bicicletas, trotinetas e patins em linha, já!
3. Portaria n.º 143/2009, de 5 de Fevereiro, da Presidência do Conselho de Ministros e Ministério da Defesa Nacional, do Ambiente, do Ordenamento do Território e do Desenvolvimento Regional, da Economia e da Inovação e da Agricultura, do Desenvolvimento Rural e das Pescas (esta deve ser importantíssima para ter tantos Ministérios envolvidos!) – Define os condicionalismos específicos ao exercício da pesca lúdica no Parque Natural do Sudoeste Alentejano e Costa Vicentina (PNSACV).
Determina então esta fundamental Portaria que “na área do PNSACV a pesca à linha pode ser exercida com um máximo de duas canas ou linhas de mão e por cada cana ou linha é permitida a utilização de um máximo de três anzóis e só é permitida de quintas-feiras a domingos e aos dias feriados, entre o nascer e o pôr do Sol. As espécies passíveis de apanha são: ouriços-do-mar, crustáceos, mexilhões, lapas, e burriés e ainda poliquetas para isco, sendo interdita a apanha de fêmeas de navalheira quando estas estiverem ovadas. A apanha, no entanto, só é permitida aos detentores de licença de pesca lúdica que sejam naturais ou residentes nos concelhos de Sines, Odemira, Aljezur e Vila do Bispo, sendo o peso máximo permitido de pesca diária de 7,5 kg.”
Acho muito bem! Os alfacinhas e outros que tais terminados em “inhas” não têm nada que ir roubar os recursos piscatórios ao pessoal do Sudoeste (alentejano, não o do Festival de Verão) e da Costa Vicentina.
4. Resolução da Assembleia da República n.º 24/2009, de 13 de Março de 2009 – Recomenda ao Governo a distribuição gratuita de frutas e legumes nas escolas e outras medidas dirigidas à prevenção e combate à obesidade infantil.
Preocupada com a obesidade infantil, a magnífica Assembleia da República resolveu recomendar ao sábio Governo da República a adesão ao programa comunitário de distribuição de frutas e legumes nas escolas, abrangendo a população da escolaridade obrigatória, devendo os produtos hortofrutícolas a distribuir ter preferencialmente origem nacional e serem resultantes do modo de produção biológica ou do modo de produção integrada. Recomenda ainda a excelsa Assembleia a preparação de um programa nacional de promoção do consumo de hortofrutícolas, a operacionalização de um observatório multidisciplinar para o acompanhamento do programa de distribuição de frutas e legumes nas escolas, a retirada da venda de alimentos hipersalinos e hipercalóricos das escolas (adeus batatas fritas, rissóis, croquetes, pasteis de bacalhau, chocolates, pastilhas e coca-cola), tudo na prossecução e reforço do Programa de Educação Alimentar em Meio Escolar, com uma efectiva mobilização da comunidade escolar nesse importante desígnio (quase desígnio nacional, escreveria eu) que é educar para estilos de vida saudáveis.”
Com a amostra recolhida, e quase sem palavras perante tamanha eloquência legislativa e preocupação pela saúde e bem-estar dos portugueses, é caso para dizer, e parafraseando um dos maiores vultos da nossa língua, quando esta ainda não era ultrajada: “Ditosa Pátria que tais legisladores tem!”
Pensamento anti-crise:
“Não penses no que já perdeste e no que ainda irás perder. Pensa no que podes fazer com o que tens.” [1]
(A.R., 01 de Abril de 2009)
[1] Créditos: Ernest HEMINGWAY, “O Velho e o Mar”, pág. 82.
28/03/09
Foi um dia alucinante!
Saímos de Lisboa pelas 8 da manhã, a bagageira atestada de fresquinhas carlsbergs e duns pastéis de bacalhau, croquetes, rissóis e pataniscas acabadinhas de fritar, cujo aroma a óleo quente se espalhou pelo carro durante a viagem, entranhando-se de tal modo na roupa que quando chegámos ao fim da viagem parecíamos acabados de sair duma fritadeira. Claro que não foi esquecido um arrozinho, não malandro porque a viagem foi longa e ficou empapado pelo caminho, e ainda quatro pães saloios meio enfarinhados e acabados de cozer em forno a lenha.
A viagem decorreu sem incidentes de maior, embora a paragem em Canal Caveira para o cafezinho da manhã se tenha revelado desastrosa devido a duas carlsberg que se partiram no porta bagagens, impregnando o que de comestível aí havia com um sabor extra a cerveja que não tinha sido planeado mas que, no fim, até acabou por ser agradável.
Atendendo a que chegámos ao fim da viagem bastante cedo, havia ainda muito espaço para estacionar. Depois de procurar um lugar o mais à sombra possível, o que não se revelou tarefa fácil, parámos a viatura e, de imediato, despejámos o porta-bagagens de tudo o que era comestível e bebível. Tarefa finalizada, foi começar a dar ao dente que a fome e a sede não se fizeram rogadas nem se deram ao trabalho de ficar pelo caminho.
Enquanto saciávamos o apetite, ia chegando mais e mais pessoal que, de imediato, seguia o nosso exemplo e entabulava conversa com os vizinhos, de modo a que, em breve, parecia estarmos numa feira franca em que um rissol era trocado por uma coxa de frango, ou uma asa de galinha era trocada por uma bem apetitosa chamuça, mas sempre tudo bem regado com carlsberg.
E assim foi decorrendo a tarde, sem motivos para arrelias ou disputas, pois parecia que estávamos todos unidos num único objectivo: comer muito e bom e beber carlsberg.
Por volta das 19H45, a maior parte do pessoal já não se encontrava por ali; tinha entrado num edifício situado no meio daquele descampado, qual nave espacial que por ali tivesse pousado há uns anos e, por falta de energia, não mais dali saíra.
De vez em quando ouvíamos os gritos dessa multidão da nave, mas não nos intimidavam porque a comida continuava óptima e a carlsberg sempre fresquinha e apetitosa.
Já era noite e pensávamos em regressar. Da nave espacial, depois de mais alguns gritos ocasionais, começavam a surgir gritos constantes e ritmados, que se mantiveram por quase meia hora. Tínhamos mesmo de ir embora porque o barulho já se tornava ensurdecedor e a carlsberg tinha-se acabado.
Entrámos no carro. Faltava apenas o Lucílio que tinha ido satisfazer uma necessidade fisiológica. De repente, vemo-lo entrar a correr, com uma medalha na mão, a dizer-nos para sairmos dali o mais rapidamente possível, enquanto víamos uma multidão a sair da nave espacial, vestida em tons de verde e a ouvíamos gritar: “Gatuno!”
Penalty:
“Devemos ser apugilistas da verdade desportiva!”
(A sair do Algarve, 22 de Março de 2009, 22H45)
20/03/09
Será Final...
Leram-se durante a semana os mais diversos comentários, bastante críticos, à exibição do Glorioso no último jogo da Liga Sagres contra o Vitória Futebol Clube (de Guimarães), apontando todos num só sentido: Quique já está a abusar da sorte e o seu estado de graça estará a entrar em desgraça.
O cronista esteve no Estádio da Luz no pretérito sábado e reconhece que o SLB não jogou o suficiente para ganhar, mas também não jogou assim tão mal que merecesse perder. De facto, embora o jogo durante a 1.ª parte tenha sido pouco emotivo, o que até se compreende devido ao estado crítico em que está o país, mergulhado numa crise económica bastante grave, pelo que os jogadores acabam por correr menos para não gastarem muitas calorias, já a 2.ª parte teve um pouco mais de futebol, concretamente, mais dois minutos, pois enquanto na 1.ª parte o árbitro concedeu 2 minutos de compensação, na 2.ª parte deu 4 minutos.
O jogo revelou também um adversário, a quem acabou por sorrir a vitória, mas que apenas tinha a intenção firme de não perder no Estádio da Luz. Daí o tempo que foi queimando nas reposições de bolas em jogo e nas simulações de lesões, de modo a adiar ao máximo o que parecia inevitável: a vitória do Glorioso. No entanto, num lance fortuito, com muita felicidade à mistura e alguma miopia do árbitro assistente (mais uma equipa de arbitragem da Associação de Futebol do Porto a apitar jogos do SLB! Estranho!...), lá conseguiu marcar um golito, não tendo o Glorioso engenho e arte para dar uma alegria aos mais de 47.000 espectadores que estavam no estádio a acompanhar e apoiar a equipa, que bem precisa de todo o apoio.
Reconheço que se terá visto alguma descoordenação (motora?) nos jogadores, pelo menos do meio campo para a frente, não falando de alguma inadaptação daquele lateral esquerdo alto e guedelhudo que o Derlei e companhia tanto apreciaram no último dérbi, ficando ainda no ar a ideia de que a bola trocada de pé para pé pelos jogadores do Glorioso não cheira mais de três pés. Será necessário trocar de meias ou aplicar algum produto mais bem cheiroso nos pés dos nossos Gloriosos jogadores para que essas referidas trocas de bola, o ‘meinho’ como lhe chamam os entendidos, sejam mais eficazes?
O Cardozo foi substituído e ouviu-se o descontentamento dos adeptos que, os jornais desportivos logo associaram àquela incidência do jogo. Puro engano! Os assobios que se ouviram eram dirigidos ao espectador a quem, durante um sorteio realizado no intervalo do jogo, calharam 10.000 € em barras de ouro, mas, por não ser sócio do SLB nem ter o cartão de crédito da CGD, não as iria receber. Questionaram-se por isso os espectadores se o tal fulano seria algum adepto do outro lado da 2.ª circular já a tirar notas para tentar perceber quem irá arrecadar o caneco da Carlsberg e assobiaram-no!
É certo que o resultado foi o melhor para o Guimarães, que já há uns jogos que não vencia o SLB, e não foi bom para o Glorioso que está agora a 5 pontos dos do Porto, uma distância já considerável, atendendo a que só faltam disputar 8 jornadas. No entanto, partilho a crença do nosso Maestro, pelo que enquanto for matematicamente possível, acredito que ainda podemos vencer a Super Liga nesta época 2008/2009.
Uma palavra ainda para o Quique, que muitos não percebem por que motivo, estando há 8 meses no nosso país, ainda fala espanhol. Antes de mais, não se aprende a falar uma nova língua de um dia para o outro. Além disso, o português é dos idiomas falados um dos mais difíceis e se não se domina bem mais vale não dizer nada, pois ‘o português é uma língua muito traiçoeira’! E, por fim, convém não esquecer que cerca de metade dos jogadores da equipa que tem sido mais titular (Aimar, Reyes, Di Maria, Cardozo e Maxi Pereira) fala espanhol. Continue pois o Quique a oferecer flores em espanhol, sempre é mais perceptível que os “qué frô” marroquinos que diariamente invadem a cidade.
Quanto ao caneco que vamos disputar amanhã, 21 de Março, claro que é para ganhar, nem que seja por meio a zero! Se, por qualquer percalço, tal no entanto não suceder, quem ficará a perder será a cervejeira, pois deixará de vender uns bons litros já que é sempre mais apetecível e mais propenso ao consumo comemorar uma vitória do que chorar uma derrota!
Bola para a bancada:
Quando a mãe foi a casa da vizinha buscar um ramo de salsa, disse:
- Luís, põe um olho na sopa!
E o Luís (de Camões) obedeceu.
A partir desse dia, Luís (de Camões) passou a andar com uma pala no olho!
(Já no Algarve, 19 de Março de 2009)
14/03/09
Vamos continuar nas histórias... do Kar Luz
José levantou-se cedo. Ultimamente andava a dormir pouco devido às dores que ainda lhe atormentavam as costas, consequência da última viagem a Portugal, feita no dorso de um elefante propositadamente requisitado para o efeito pela coroa real sueca. Del Rio que já estava a preparar o pequeno-almoço, olhou-o no rosto cansado e comentou José, pareces levantado do chão! Estou tão cansado que já nem sei se viajei num elefante ou numa jangada de pedra. Tomou o seu leite com Nesquick e uns croissants miniatura com fiambre e queijo, acabados de entregar por um dos poucos vizinhos, um dos faz-tudo da Ilha, e que também distribuía, uma vez por semana, as várias centenas de quilos de correspondência que chegavam à Ilha, seguindo o exemplo daquele outro carteiro que vira num filme a entregar a correspondência ao Pablo Neruda. Depois de mais um pequeno-almoço reconfortante, José saiu para o seu passeio matinal na Ilha, sempre acompanhado por Del Rio. Embora não acreditasse no Éden na sua vertente bíblica, pois orgulhava-se da sua convicção ateísta, sentia-se ali como num paraíso. Graças a Deus, costumava pensar, que decidi crucificar José (o outro) a meio daquele famoso Evangelho. Assim, vi-me obrigado a refugiar-me neste local para fugir à ira daqueles energúmenos que se sentiram ofendidos na sua fé secular, a começar por esse Secretário de Estado, cujo nome nem ouso recordar. À época, foi uma decisão difícil de tomar, mas com a ajuda de Del Rio, afinal revelou-se uma Nobel resolução, acabando por ser reconhecida e premiada internacionalmente.
As manhãs passavam rapidamente, e aquela não fugiu à regra. Para almoçar, decidiram experimentar A Caverna, restaurante inaugurado no sábado anterior e que prometia comida tradicional ibérica. Finalmente, Portugal e Espanha unidos num único país, pelo menos naquele espaço, algo que como José sempre sonhara, poderia ser o princípio de uma futura união política. O almoço foi excelente e abundante. José comeu com tanta satisfação e revelou um apetite de tal modo devorador que Del Rio quase o repreendia. Não queiras duplicar o teu peso, homem!
A digestão foi feita no regresso a casa. Era a hora da sesta, mas José não tinha tempo a perder. Andava às voltas com um novo romance e todos os minutos eram importantes para não perder o fio à meada.
Anoitecia, quando Del Rio o chamou para jantar. Depois, na sala com vista para o mar, entre dois dedos de conversa e uns Pedro Domecq, foram conversando sobre tudo e sobre nada, qual espuma de mais um dia que se esfumava. Há uns tempos que ando para te dizer, Del Rio. Já sei o que fazer ao meu espólio. Vou criar uma Fundação e tu serás o seu Pilar. Dito isto, José adormeceu no sofá.
Bola para a bancada:
O verdadeiro teste de maturidade não é a idade de uma pessoa mas sim o modo como reage ao acordar em cuecas no meio da cidade. [1]
(Na Ilha, 13 de Março de 2009)
[1] Woody ALLEN, Sem Penas, Bertrand Editora, 1987.
09/03/09
…Foi no Dubai.
Naquela manhã, depois de pesadelos constantes, acordei com a sensação de que algo estranho acontecera nas minhas costas.
Levantei-me e dirigi-me para a casa de banho. Em frente ao espelho, procurei encontrar posição para reflectir o meu dorso e, assim que o consegui, qual não foi o meu espanto quando me apercebi que quatro pequenas saliências, muito semelhantes às patas de um coelho, me despontavam, duas nas omoplatas e duas um pouco acima dos rins. Estupefacto, e sem perceber o que se teria passado, continuei durante alguns minutos a olhar para o espelho, enquanto as minhas mãos agarravam tais intrusos, tentando despegá-los do corpo, mas sem contudo o conseguirem. Estavam presos e bem presos e a cada esticão a dor que sentia era tanta que desisti.
Voltei para o quarto, tentando pôr alguma ordem nas ideias mais mirabolantes que em catadupa me afluíam. Comecei por maldizer a minha sorte e as quatro patas que me estragavam umas férias para as quais lutara durante dois anos sem descanso, sem horário de trabalho, sem feriados nem fins-de-semana, só com o objectivo de ganhar o prémio que o laboratório farmacêutico oferecia ao seu melhor prospector.
Um pouco mais calmo, delineei algumas estratégias e a primeira foi telefonar para a minha seguradora, ramo saúde. A voz simpática que me atendeu do outro lado lamentou informar mas nada podia fazer pois a companhia não tinha protocolos com nenhuma entidade prestadora de cuidados de saúde no Dubai.
Depois de alguns impropérios menos dignos, decidi sair do quarto e, sem tomar o pequeno-almoço, não fosse alguém reparar nas minhas costas, dirigi-me para uma esplanada na praia. Sentei-me na cadeira que estava mais junto à parede do bar de apoio, tendo o cuidado de proteger as costas de qualquer olhar indiscreto, e pedi um pequeno-almoço à inglesa.
Sentia-me com um apetite devorador, talvez por ter mais quatro patas para alimentar, e estava já no terceiro ovo estrelado com bacon quando, ao levantar os olhos do prato, vi diante de mim um homem, moreno, aparentando não ter mais de 40 anos, fisionomia com ascendência judaica, orelhas talvez um pouco grandes demais, olhar penetrante e uma tosse quase constante. Parecia já estar a olhar para mim há uns minutos e então, com um ligeiro gesto de ombros, indiquei-lhe uma cadeira para se sentar à minha mesa.
Agradeceu, sentou-se e pediu uma água com gás. Depois começou a falar, a princípio com alguma timidez mas, à medida que a conversa foi avançando, as palavras saíam-lhe quase em catadupa. Começou por me dizer que conhecera um amigo que também tivera um problema parecido com o meu, embora com outra amplitude, pois nem sequer do quarto saiu, a não ser por breves momentos e num dia de infeliz memória, quarto onde acabou por morrer, fechado no seu limitado mundo. Perguntei-lhe se também tinha quatro patas de coelho nas costas, mas não me conseguiu definir muito bem o que acontecera. Parecia-se com uma barata ou um escaravelho, melhor, com um gigantesco insecto.
Apesar da tosse constante, lá me foi desfiando mais um pouco da sua vida, dos seus problemas com o pai, a quem acabava de escrever uma carta, que não sabia se ele alguma vez iria ler, mas na qual lhe tentava explicar os motivos pelos quais a sua presença constante sempre o atemorizara.
Falou-me também doutros amigos que tinham passado por alguns problemas na vida. Um deles fora alvo dum processo judicial, em que tinha sido preso, acusado, julgado, condenado e executado, por um crime de que não teve qualquer conhecimento. Sentia-se tão revoltado com a situação que estava seriamente a pensar escrever um artigo ou uma crónica para o jornal, se tivesse tempo para isso. Só que a companhia de seguros onde trabalhava era tão exigente e ocupava-lhe tanto tempo que, para escrever tal crónica, quase não poderia dormir. E aquela tosse também não o ajudava nada.
Falou-me ainda de um amigo que visitara numa colónia penal mas que mal tivera tempo para ver porque estava completamente embrenhado na construção duma nova e revolucionária máquina de tortura e execução.
Também me contou a história dum outro amigo que emigrara para a América e que no barco onde viajava só não foi linchado e atirado aos tubarões porque, no mesmo barco, seguia também um tio de que mal ouvira falar, mas que o reconheceu e conseguiu interceder junto do comandante, salvando o sobrinho dum destino cruel.
A manhã já ia longa, aproximava-se a hora do almoço e o desconhecido continuava a falar, a contar histórias da sua vida, embora a tosse, por vezes demasiado insistente, lhe causasse alguns problemas e o obrigasse a grandes pausas durante a conversa que ia mantendo comigo.
Perguntei-lhe então se era casado e falou-me de três ou quatro amores com quem se correspondera. Desses, estivera seriamente comprometido com um e quase casara, mas, praticamente em cima da hora do enlace matrimonial, fugira porque, e aí parafraseou um poeta português, “queriam-no casado, fútil…” e ele não estava muito entusiasmado com a ideia.
Há tanto tempo que conversamos e ainda nem sei o seu nome, nem de onde é, nem o que faz.
Não vale a pena, retorquiu, um dia há-de ouvir falar de mim. Como já deve ter percebido, trabalho para uma companhia de seguros, em Praga, estou aqui para ver se melhoro da tuberculose e de vez em quando escrevo umas coisitas sem importância.
Eu, leitor compulsivo, pedi-lhe logo que me mostrasse algo do que escrevera, mas respondeu que não tinha nada consigo; no entanto, havia dois ou três livritos que já tinham sido publicados. O resto que havia lá por casa tinha tão pouco valor que até já pedira ao seu mais íntimo amigo que, quando morresse, queimasse tudo.
Mas o senhor ainda vai viver muitos anos.
Que não, respondeu. A tuberculose já estava em fase terminal e dali só para o cemitério judaico de Praga.
Emocionei-me com o desprendimento e com as histórias daquele homem e estava para convidá-lo para almoçar quando um japonês, aspecto cuidado, cinquentão, sorridente e bastante falador, se aproximou da mesa. Trazia uma mochila às costas repleta de discos de jazz que transportava para todo o lado desde que fechara o seu bar em Tóquio e uns blocos A4 quadriculados, onde ia vertendo as ideias que lhe surgiam enquanto viajava para, um dia, as transformar em livros. Encarou-nos demoradamente e pediu autorização para tirar uma foto. A máquina era uma polaroid já velhinha, quase uma relíquia de museu, das de fotos instantâneas, que o japonês se gabava de ter recuperado e que era o seu orgulho. Tirou a foto. Estava excelente. Pedi que a autografasse e, se assim o entendesse, escrevesse uma dedicatória.
Sim senhor, é para já!
Quando me devolveu a fotografia, já o desconhecido se tinha retirado, sem que me tivesse dado conta, e li “Com Kafka à beira-mar”, ass. Haruki Murakami.
Ia agradecer-lhe quando, ao olhar à sua procura, não vi ninguém. A esplanada estava vazia. Chamei a empregada que me servira o pequeno-almoço e perguntei-lhe por eles mas ela garantiu-me e jurou pela saúde dos seus entes mais queridos que ninguém, a não ser eu, tinha estado naquela esplanada durante toda a manhã.
Impossível, retorqui. Então e a água que veio para a mesa?
Qual água? Já disse ao senhor que não esteve mais ninguém na esplanada.
Teria sonhado? Estaria acordado? Belisquei-me, esfreguei os olhos. Sim, estava acordado. De repente lembrei-me das patas de coelho. Passei as mãos e não senti nada. Chamei novamente a empregada.
Desculpe, pode ver se tenho quatro patas de coelho nas costas? A rapariga olhou para mim, levou uma mão à testa e desapareceu no interior do bar.
Ainda incrédulo, levantei-me e regressava ao hotel quando ouvi chamar. Voltei-me e vi a empregada a gesticular. Regressei à esplanada e procurei a mesa onde tinha estado sentado. Esquecera-me da fotografia.
Livre contra a barreira:
Quem dentes tenha quer trincar! [1]
(Aí, Março de 2009)
[1] Adaptação livre da sabedoria popular (“quem desdenha quer comprar”).
02/03/09
Kar Luz Estrela. Mais um comentário
Reconheço
Que era sábado de Carnaval, mas levámos a mal.
Que o jogo não correu de feição.
Que o defesa esquerdo esqueceu-se da sua posição.
Reconheço mas não admito
Que haja jogos em que os árbitros tenham alguns pruridos em assinalar grandes penalidades aos 6 minutos de jogo.
Que haja jogos em que os árbitros apitem baseados na lei da compensação.
Constato
Que quem não mata na 1.ª parte, arrisca-se a ser morto na 2.ª parte.
Que na Liga da 2.ª Circular o SLB, em igualdade pontual, estará sempre em vantagem por ter marcado dois golos no campo do scp.
Que o fcp ficou bastante satisfeito com o resultado do derbi.
Concordo
Que o SLB ainda não ganhou nada.
Acredito
Que o SLB ainda pode vencer a taça da cerveja Carlsberg.
Que o SLB ainda pode ser campeão.
(Confirmo
Que o Carnaval do Rio é muito mais interessante que qualquer jogo da Liga Sagres!)
Livre directo:
Grão a grão apanha a galinha uma congestão! [1]
(Sambódromo, 23 e 24 de Fevereiro de 2009)
[1] Créditos: Sabedoria popular.
20/02/09
O despertador tocou!
(PLAY, Two To Stay (Original Mix)) [1]
Entreabriu um olho, depois o outro, muito calmamente e olhou para o relógio, estava na hora!
Sem pressa, foi saindo da cama, despedindo-se suavemente do calor confortável que lhe proporcionara mais uma noite de sono tranquilo.
Subiu as persianas e maravilhou-se com o dia que se lhe deparava, anunciador de tempos primaveris que não tardariam, embora as andorinhas ainda não tivessem começado a realojar-se nos condomínios que tinham construído no ano anterior debaixo do beirado do prédio onde morava. Mas o sol já se antecipara e, dardejando, dava a entender que a estação florida poderia chegar mais cedo este ano.
(ANGEL, Space Gang feat. Natascha) [2]
Abriu a janela para deixar entrar aquele ar que se adivinhava tonificante e, por uns minutos, os seus olhos perderam-se a olhar o horizonte, deixando-se absorver numa sensação de bem-estar e de paz de espírito, nem sempre possível de desfrutar.
(NO MATTER WHAT, Groovy Waters (Nu Soul Edit)) [3]
Era hora de cuidar da sua higiene pessoal. Em frente ao espelho contemplou-se demoradamente e verificou que a saliência proeminente de há seis meses atrás quase desaparecera. Ficou satisfeito consigo próprio! Finalmente conseguira incutir alguma disciplina na sua vida, pelo menos nos aspectos físicos, com a hora diária de caminhada, seguida das flexões e abdominais que se impusera e que vinha cumprindo escrupulosamente, dando já frutos bem visíveis.
(Nº5, Kosmic Soul (Vocal Mix)) [4]
Recordou ainda com alguma nostalgia o que já não bebia, o que já não fumava, as noites que dormia mal e a correr, as olheiras e o catarro com que se levantava, a dor de cabeça persistente e que só começava a debelar-se ao fim do terceiro café da manhã. Como estava mudado!
(FOLDED WINGS, Natalie Renoir) [5]
Procurou no roupeiro as combinações possíveis e imaginárias de roupa e decidiu-se por um pólo cinzento-escuro, liso, umas calças de ganga e os seus velhos ténis sanjo.
Saiu e dirigiu-se para a esplanada onde tinham combinado encontrar-se.
Fez o caminho a pé. Eram só 15 minutos, aquele sol não era para desperdiçar dentro do carro e, além disso, sempre passava junto a duas ou três bancas de jornais e aproveitava para dar uma olhadela aos títulos de primeira página, ficando assim informado, gratuitamente, sobre o que de mais importante acontecera enquanto estivera a dormir.
(FLY ME TO THE MOON, Dual Sessions (Dark Side Mix)) [6]
Chegou à esplanada, sobranceira ao rio. Estava deserta. Era domingo e àquela hora muitos dos clientes habituais tinham acabado de se deitar, depois de mais uma noite de intensa actividade lúdica.
Ainda faltavam alguns minutos para a hora marcada. Telefonou-lhe. Estava quase a chegar, podia ir encomendando o pequeno-almoço.
(ELEVEN, Ronan) [1]
Livre directo:
O sonho do Infante D. Henrique era uma Super Bock porque estava farto de Sagres! [2]
(I WANT YOU, Locomonk) [7]
[1] “Chill Out Trilogy > The Definitive Collection”, www.pmbmusic.com
[2] Idem, Ibidem.
[3] Idem, Ibidem.
[4] Idem, Ibidem.
[5] Idem, Ibidem.
[6] Idem, Ibidem.
[7] Idem, Ibidem.